sexta-feira, dezembro 22, 2006

A Musicalidade do Natal

Last Christmas
I gave you my heart
But the very next day
You gave it away
This year
To save me from tears
I'll give it to someone special


Estava eu a andar de carro hoje de manhã quando ouço este clássico e pensei: "É Natal...lá temos de levar outra vez com o Last Christmas". Mas depois aprofundei o pensamento, como sempre faço enquanto conduzo, e apercebi-me que a letra não tem absolutamente nada a ver com o Natal... tirando o título.
Pus-me de imediato a reflectir se tirando o título e o facto de esta música inundar as rádios por esta altura do ano haveria mais alguma razão para estar conotada como música natalicia...
Curioso... como todos os anos ouvimos um milhão de músicas natalícias na rádio. Uma banda pode não ter nenhuma música de jeito, mas se tem alguma que diga "Christmas", é certo e sabido que se torna num êxito radiofónico nesta época. Mas isto já nós sabíamos.
O que eu queria dizer vem a propósito do clássico "Last Christmas".

Last Christmas (Último Natal)

No último Natal
Eu dei-te o meu coração
Mas no dia seguinte, tu traiste-me
Este ano
Para me salvar das lágrimas
Eu vou dá-lo a alguém especial

Uma vez magoado, terei mais cuidado no futuro
Eu fico longe
Mas tu ainda chamas a minha atenção
Diz-me, querida
Reconheces-me?
Bem,
Já passou um ano
Não me surpreende
Eu embrulhei e enviei-te
Um bilhete escrito a dizer "Eu te amo"
A sério
Agora sei o quanto eu fui tolo
Mas se tu me beijasses agora,
Eu sei que me enganarias de novo

Um lugar cheio
Amigos com os olhos cansados
Eu estou a esconder-me de ti
E da tua alma gelada
Meu Deus, eu pensei que tu fosses
Uma pessoa confiável
Eu?
Acho que podia ser um ombro para tu chorares

Talvez no ano que vem eu dê o meu coração para alguém
Eu o darei para alguém especial



No Natal do ano passado a rapariga a quem entregou o seu coração não correspondeu aos seus sentimentos. Mas este ano é que é, desta vez vai dá-lo a alguém especial!
Só que no ano seguinte lá vem outra vez com a mesma conversa... Será que não aprende que tem mesmo azar no amor?
Todos os anos aparece todo confiante do estilo "agora é que é!", só que depois no ano seguinte confessa que foi um balde de água fria...


Há gente que nunca muda!...
E eu sou um deles... um eterno apaixonado...

É Natal, um Tempo que deveria ser de Paz, de juntar os que mais amamos à nossa volta, de dar e receber carinho em forma de presentes embrulhados em papel de sonho, ou apenas em abraços feitos de alegria.
É tempo de emoção, de celebrar crenças, fé ou tão simplesmente a amizade.
Tempo de vos dizer como todos vocês que fazem parte desta família que é o "Pedaços de Nós" são importantes para mim, e que vos desejo a todos um Natal cheio de felicidade, e um Ano de 2007 melhor... muito melhor... muitíssimo melhor...

3 comentários:

Ana disse...

Art,

Curioso..."Last Christmas" foi o tema que escolhi para acompanhar os meus votos de Feliz Natal a todos os visitantes do "Cantinho da Anokas", e é tambem o tema que me vem sempre á cabeça nesta altura do ano, não por achar que transmite uma mensagem natalícia (de facto, não o faz)... mas pelo facto de transmitir a tal ideia de eterna esperança.
Estamos no final do ano e é inevitável fazerem-se os habituais balanços, introspecções, planos e promessas para o ano novo que está a chegar. O Amor faz parte desses planos e acreditar que vai ser diferente e melhor tambem.
São esperanças e desejos que se renovam cíclicamente:nós amamos, acreditamos... depois desiludimo-nos e quando damos por nós... acreditamos novamente. Tolos?
Não me parece...apaixonados apenas.

Votos de um Feliz Natal!

Beijinhos

. disse...

Nesta quadra tão especial, quero desejar a todos os membros da família
Pedaços de Nós”, um Feliz Natal repleto de muita Paz e muito Amor.

Quero, ainda e também, partilhar convosco um conto de Hans Christian Andersen, já tão conhecido, mas que pelo seu conteúdo entendo seja adequado ao espírito natalício que se manifesta em cada um de nós... para além de que se revela, sempre, um efectivo mote para reflexão.
Este conto foi, há muitos anos, por mim eleito como o meu conto de Natal... todos os anos, por esta altura, releio-o... e, confesso, toca-me sempre no fundo do coração...


A Pequena Vendedora de Fósforos

Que frio tão atroz! Caía a neve, e a noite vinha por cima. Era dia de Natal. No meio do frio e da escuridão, uma pobre menina passou pela rua com a cabeça e os pés descobertos.
É verdade que tinha sapatos quando saiu de casa; mas não lhe serviram por muito tempo. Eram uns sapatos enormes que sua mãe já havia usado: tão grandes, que a menina os perdeu quando atravessou a rua correndo, para que as carruagens que iam em direcções opostas não lhe atropelassem.
A menina caminhava, pois, com os pezinhos descalços, que estavam vermelhos e azuis de frio, levava no avental algumas dúzias de caixas de fósforos e tinha na mão uma delas como amostra. Era um péssimo dia: nenhum comprador havia aparecido, e, por consequência, a menina não havia ganho nem um centavo. Tinha muita fome, muito frio e um aspecto miserável. Pobre menina! Os flocos de neve caiam sobre seus longos cabelos loiros, que caiam em lindos caracóis sobre o pescoço; porém, não pensava nos seus cabelos. Via a agitação das luzes através da janela; sentia-se o cheiro dos assados por todas as partes. Era dia de Natal, e nesta festa pensava a infeliz menina.
Sentou-se numa praça, e acomodou-se num cantinho entre duas casas. O frio apoderava-se dela, e inchava os seus membros; mas não se atrevia a aparecer em sua casa; voltava com todos os fósforos e sem nenhuma moeda. Sua madrasta a maltrataria, e, além disso, na sua casa também fazia muito frio. Viviam debaixo do telhado, a casa não tinha tecto, e o vento ali soprava com fúria, mesmo que as aberturas maiores haviam sido cobertas com palha e trapos velhos. Suas mãozinhas estavam quase duras de frio. Ah! Quanto prazer lhe causaria esquentar-se com um fósforo! Se ela se atrevesse a tirar só um da caixa, riscaria na parece e aqueceria os dedos! Tirou um! Rich! Como iluminava e como esquentava! Tinha uma chama clara e quente, como de uma velinha, quando a rodeou com sua mão. Que luz tão bonita! A menina acreditava que estava sentada numa chaminé de ferro, enfeitada com bolas e coberta com uma capa de latão reluzente. Luzia o fogo ali de uma forma tão linda! Esquentava tão bem!
Mas tudo acaba no mundo. A menina estendeu os seus pezinhos para esquentá-los também, mas a chama apagou-se: não havia nada mais em sua mão além de um pedacinho de fósforo. Riscou outro, que acendeu e brilhou como o primeiro; e ali onde a luz caiu sobre a parede, fez-se tão transparente como uma gaze. A menina imaginou ver um salão, onde a mesa estava coberta por uma toalha branca resplandecente com finas porcelanas, e sobre a qual um peru assado e recheado de trufas exalava um cheiro delicioso. Oh surpresa! Oh felicidade! Logo teve a ilusão de que a ave saltava de seu prato para o chão, com o garfo e a faca cravados no peito, e rodava até chegar a seus pezinhos. Mas o segundo fósforo apagou-se, e ela não viu diante de si nada mais que a parede impenetrável e fria.
Acendeu um novo fósforo. Acreditou, então, que estava sentada perto de um magnífico nascimento: era mais bonito e maior que todos os que havia visto aqueles dias nas vitrinas dos mais ricos comércios. Mil luzes ardiam nas arvorezinhas; os pastores e pastoras pareciam começar a sorrir para a menina. Esta, embelezada, levantou então as duas mãos, e o fósforo apagou-se. Todas as luzes do nascimento se foram, e ela compreendeu, então, que não eram nada além de estrelas. Uma delas passou traçando uma linha de fogo no céu.
-Isto quer dizer que alguém morreu - pensou a menina; porque sua avozinha, que era a única que havia sido boa com ela, mas que já não estava viva, havia lhe dito muitas vezes: "Quando cai uma estrela, é que uma alma sobe para o trono de Deus".A menina ainda riscou outro fósforo na parede, e imaginou ver uma grande luz, no meio da qual estava sua avó em pé, e com um aspecto sublime e radiante.
-Avozinha! - gritou a menina. - Leve-me com você! Quando o fósforo se apagar, eu sei bem que não a verei mais! Você desaparecerá como a chaminé de ferro, como o peru assado e como o formoso nascimento!
Depois atreveu-se a riscar o resto da caixa, porque queria conservar a ilusão de que via sua avó, e os fósforos abriram-lhe uma claridade vivíssima. Nunca a avó lhe havia parecido tão grande nem tão bonita. Pegou a menina nos braços, e as duas subiram no meio da luz até um lugar tão alto, que ali não fazia frio, nem se sentia fome, nem tristeza: até ao trono de Deus.
Quando raiou o dia seguinte, a menina continuava sentada entre as duas casas, com as bochechas vermelhas e um sorriso nos lábios. Morta, morta de frio na noite de Natal! O sol iluminou aquele terno ser, sentado ali com as caixas de fósforos, das quais uma havia sido riscada por completo.
-Queria esquentar-se, a pobrezinha! - disse alguém. Mas ninguém podia saber as coisas lindas que havia visto, nem em meio de que esplendor havia entrado com sua idosa avó no reino dos
céus.

Mais uma vez,

FELIZ NATAL!

Dä®k Añgë£ disse...

Art,
Esta musiquinha dos Wham já tem uns vinte e tal anos. O relevante desta música, é que nos faz pensar como tudo mudou, e nem sempre para melhor.
- Na altura o George Michael ainda aparentava gostar de mulheres
- Todos nós estamos hoje vinte e tal anos mais velhos
- A importância sonora deste "Last Christmas" é mais ou menos equivalente ao Jacques Brell para os nossos pais

São todas boas razões para nos "obrigar" a ouvir música. Eu disse "ouvir", não é dar música, porque dessas estamos todos fartos...

Espero que todos tenham tido um bom Natal, e desejo-vos um 2007 com tudo de bom.
Beijinhos.