quarta-feira, julho 26, 2006

"Qual é a sua experiência?"

A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa em questão foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade.

“Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar; já me queimei a brincar com uma vela; já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda; já falei com o espelho; já fingi ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi.

Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo a caminhar pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.

Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.

Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí de uma escada.

Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.

Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.

Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado; já mergulhei para a piscina e não quis sair mais; já bebi whisky até sentir os lábios dormentes; já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.

Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial; já acordei a meio da noite e senti medo de me levantar.

Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um "para sempre" pela metade.

Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.

Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...

Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:
"- Qual é a sua experiência?"
Essa pergunta fez eco no meu cérebro.
"Experiência... Experiência..." Será que cultivar sorrisos é experiência?

Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
" - Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"


Também do Baú...

sexta-feira, julho 21, 2006

Sem ilusões...

"Não é raro ouvirmos falar sobre histórias de amor mal resolvidas. São aquelas relações que, por qualquer motivo, não deram certo, terminaram, as partes separaram-se, cada um foi para seu lado.
A vida seguiu o seu curso, apaixonaram-se novamente, sofreram mais uma vez – ou muitas – eventualmente casaram-se, tiveram filhos, viveram coisas totalmente paralelas. Mas a história está lá, no que eu chamo de “ canto escuro do coração”. Uma vez ou outra – geralmente quando a vida está destemperada – abrem os seus “baús de recordações” e dão de cara com ela: a história mal resolvida, o conto de fadas que não se realizou.
Então fantasiam um romance perfeito.
Esquecem o que os fez romper, deixando para trás aquela pessoa. De repente, ela é o parceiro ideal.
Na imaginação fugaz, não tem defeitos, não envelheceu, jamais errou: virou um ser etéreo, personagem de uma memória que só abarca o sonho.
Dentro desse cenário “o que não foi” é o que realmente incomoda. E cria corpo. O “como teria sido se…” começa a andar ao encalço quando se rejeita a realidade: ele agiganta-se e toma o leme. As rédeas de duas vidas – ou mais – correm o risco de pararem nas mãos de um destino inventado.
Estou a escrever sobre isso porque conheço algumas histórias assim – com frequência nos últimos meses. O mundo parece que tem febres e esta deve ser uma delas nesta temporada: tentar recomeços – tu também deves conhecer casos sobre o empenho em reconquistar os/as ex.
Os envolvidos dizem que estão “tatuados” por aquele amor e que, mesmo que o esqueçam, o superam, o deixam para lá, a “tatuagem” os chama de volta. Então, correm atrás do “tempo perdido”, tentando recuperar o tempo e o amor, com uma força de vontade e espírito surpreendentes.
Infelizmente, raramente dá certo. Na ânsia de uma re–união – quase impossível, eu diria – esquecem de avaliar quem é o outro depois que seguiu um caminho o qual eles não tiveram acesso. Esquecem, inclusive, que não são mais, eles mesmos, os mesmos de cinco, dez, quinze, vinte anos atrás.
Entretanto, não adianta alertar: precisam passar pela frustração para entender que alguns amores simplesmente têm dia e hora para acabar, e uma vez de frente a esse momento, murcham, morrem, extinguem-se. Deixam marcas, saudades, lembranças, mas não nos pertencem mais.
É pena que muita gente viva nesse círculo vicioso do irrecuperável, em tentativas vãs, que só causarão mais dor. Ao invés de irem em frente, pés no chão, preferem focar-se no devaneio louco que acabará por levá-las para dentro de si mesmas com a irremediável pergunta: “Que é que estou a fazer comigo?”
Eu tive sorte neste sentido: fechei todos os ciclos. Olho para as minhas histórias de amor com carinho junto a certeza de que elas foram vividas intensamente e ficaram onde devem ficar: no passado. Sem ilusões…"


Este texto estava, como tantos outros, guardado no meu baú de poemas, pensamentos, histórias, que pelos seus valores, literário, sentimental, …, recolho e guardo. Desconheço o seu autor, mas não pude deixar de o compartilhar.

terça-feira, julho 18, 2006

Qualidade de Vida, Educação, Evolução

Já vai para 15 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. Aqui, qualquer projecto demora 2 anos a concretizar-se, mesmo que a ideia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (portugueses, brasileiros, americanos, australianos, asiáticos, etc) ficamos aflitos para obter resultados imediatos, numa ansiedade generalizada.
Porém, o nosso sentido de urgência não surte qualquer efeito neste país. Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões e ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no fim, acaba por dar tudo certo no tempo deles, com a maturidade da tecnologia e da necessidade. Aqui, muito pouco se perde.

Alguns dados interessantes:
1. O país é cerca de 3 vezes maior que Portugal
2. O país tem 2 milhões de habitantes
3. A sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (Lisboa, tem 1 milhão)
4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia...
5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA.

Vale a pena salientar que não conheço um povo que tenha mais cultura coletiva do que eles. Vou contar-vos uma breve história, só para vos dar uma noção...
A primeira vez que fui para lá, em 1990, um dos colegas suecos apanhava-me no hotel todas as manhãs. Era Setembro, frio, e a neve estava presente. Chegávamos bem cedo à Volvo e ele estacionava o carro longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, uma manhã perguntei-lhe:
- Tem lugar marcado para estacionar aqui? Chegamos sempre cedo, o estacionamento está vazio e você deixa o carro na ponta do parque.
Ele respondeu-me, simplesmente, assim:
- É que, como chegamos cedo, temos tempo para caminhar. Quem chegar mais tarde já vem atrasado, precisa de ficar perto da porta. Você não acha?

Nesse dia, percebi a filosofia sueca de cidadania! Serviu também para rever os meus conceitos. SLOW vs FAST.
Há um grande movimento na Europa hoje, chamado SLOW FOOD. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem a sua sede em Itália. O que o movimento SLOW FOOD prega, é que as pessoas devem comer e beber devagar, saboreando os alimentos, "curtindo" a sua confecção, no convívio com a família, com os amigos, sem pressas e com qualidade. A idéia é a de se contrapor ao espírito do FAST FOOD e tudo o que ele representa como estilo de vida, em que o americano "endeusificou".
A surpresa, porém, é que esse movimento SLOW FOOD serve de base a um movimento mais amplo chamado SLOW EUROPE, como salientou a revista Business Week numa das suas edições europeias. A base de tudo, está no questionar da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraponto à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas, (35h/semana) são mais produtivos que os seus colegas americanos ou ingleses. E os alemães, que em muitas empresas instituíram a semana de 28,8 horas de trabalho, viram a sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Esta chamada "slow atitude" está a chamar a atenção, até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, esta "atitude sem-pressa" não significa, nem fazer menos, nem menor produtividade.
Significa, sim, trabalhar com mais "qualidade", mais "produtividade", mais perfeição, maior atenção aos pormenores e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e real, em contraste com o "global" - indefinido e anónimo.
Significa a retoma dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do quotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. Significa um ambiente de trabalho melhor, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde os seres humanos felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.

Gostaria que pensassem um pouco sobre isto. Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou "A pressa é inimiga da perfeição" já não merecem a nossa atenção, nestes tempos de loucura desenfreada?
Será que a nossa empresa não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa", para aumentar a produtividade e qualidade dos nossos produtos e serviços, sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

Algumas pessoas correm atrás do tempo, mas parece que só o alcançam quando morrem de enfarte.
Para outros, o tempo demora a passar. Ficam ansiosos com o futuro e esquecem-se de viver o presente, que é o único tempo que existe.
TEMPO, todos temos por igual. Ninguém tem mais, nem menos, que 24 horas por dia. A diferença está no que cada um faz do seu tempo.
Precisamos de saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon, "A vida, é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro".

Parabéns por teres lido até o fim. Muitos não leram esta mensagem até ao fim, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo "globalizado".
Pensa, e pondera até que ponto vale a pena deixar de disfrutar a família, ou os amigos. Deixar de estar com a pessoa amada, ou passear na praia no fim de semana.

Amanhã, poderá ser tarde demais.

Não sei de quem é o autor deste texto, mas achei-o tão cheio de conteúdo e interesse que me apeteceu partilhá-lo com vocês.

segunda-feira, julho 17, 2006

Esperança

A minha mente é um cemitério, o coração, uma ilha...
Esperança...
Ela e eu não somos boas amigas, mas conheci-a toda a minha vida.
Sinto-a aqui, no meu ventre, tão presente e tão distante...
Mas, as suas sussurradas palavras de encorajamento não me confortam.
Estou farta dos seus truques, das falsas promessas.
“Vai-te embora!”, digo-lhe eu. “Estou ocupada. Tenho que fazer.”
Mas esta minha conhecida, nunca sabe quando deve partir.
Não é uma questão de pretender saber por que motivo me decidiu ajudar...
É uma questão de apreender por que motivo optei por deixá-la ficar...

domingo, julho 16, 2006

... um pedaço de vida...

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem.

Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma.
Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mário Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes - te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês, os homens... Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, finalmente, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta, infelizmente estarei morrendo.

É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem sabe ver."

(Gabriel Garcia Marquez)

domingo, julho 02, 2006

Sugestão....

Já há algum tempo, que não deixava aqui, a minha sugestão musical, ou melhor a minha preferência no momento. E como não podia deixar de ser, gostava que tivessem oportunidade de ouvir a música que nesta última semana me despertou atenção... é cantada pelo Eros Ramazzotti e pela Anastacia... "I Belong To You"... simplesmente linda... para mim!

EROS - Adesso no, non voglio più difendermi
Supererò dentro di me gli ostacoli
I miei momenti più difficili
Per te

ANASTACIA - ­There is no reason
There's no right
It's crystal clear
I hear your voice
And all the darkness disappears
Everytime I look into your eyes
You maybe love you
EROS - ­Quest'inverno finirà
ANASTACIA - ­ And I do truly love you
EROS - ­ Fuori e dentro me
ANASTACIA - ­ How you maybe love you
EROS - ­ Con le sue difficoltà
ANASTACIA - ­ And I do truly love you

I belong to you, you belong to me
Forever

ANASTACIA - ­ Want you
Baby I want you
And I thought that you should know
That I believe
And your the wind that's underneath my wings
I belong to you, you belong to me

EROS - ­ Ho camminato su pensieri ripidi
ANASTACIA - ­ You're my fantasy
EROS - ­ Per solitudini e deserti aridi
ANASTACIA - ­ You're my gentle breeze
EROS - ­ al ritmo della tua passione ora io mi pro
ANASTACIA - ­ And I'll never let you go
EROS - ­ L'amore attraverserò
ANASTACIA - ­ You'are the piece that makes me whole
EROS - ­ Le onde nel suoi attimi
ANASTACIA - ­ I can't feel you in my soul
EROS - ­ Profondi come oceani

EROS - Vincero per te le paure che io sento
Quanto bruciano dentro
Le parole che non ho più detto sai
ANASTACIA - ­ Oh... I want you
Baby I want you
And I thought that you should know
That I believe

EROS - Ne ampi nel silenzio siamo uno yeah
ANASTACIA - I belong to you, you belong to me
You're the wind that's underneath my wings
I belong to you, you belong to me
Yeah hey yeah he
EROS - Adesso io ti sento
ANASTACIA - ­ I will belong forever to you

sábado, julho 01, 2006

Portugal

Assim... sem mais palavras.
Foi LINDO!