segunda-feira, abril 30, 2007

Pontes

Braços estendidos
Pilares profundos
Dedos unidos
A ligar mundos

A luz de um olhar
apontada no escuro
Sorriso a brilhar
Caminho seguro

Saudar com alegria
Todos os visitantes
Fazer da noite dia
Rostos cintilantes

Sonho não é miragem
Nevoeiro não é fumo
A vida é uma viagem
Sem remo e sem rumo

Respeitar a diferença
Dividir com lealdade
Sentimento de pertença
Sinal de igualdade

Homem e Mulher
Alicerces do mundo
Elo que requer
Amor profundo

______________
Pedro Arunca
2007/04/30

domingo, abril 29, 2007

like a gift

"Hoje queria levar-lhe algo importante. Não podia chegar lá de mãos vazias. Um presente. Tinha de encontrar um presente. Mas não um presente qualquer.

Contou as moedas que ainda lhe restavam. Não eram muitas, mas haviam de chegar para alguma coisa. Vestiu o casaco azul, que lhe enalteciam os olhos negros. Saiu.

Percorreu as ruas escuras. As montras iluminadas mostravam-se tentadoras, mas àquela hora todas as lojas estavam fechadas. De qualquer forma, mesmo que estivessem abertas, não viu nada que o seduzisse. Queria levar-lhe algo especial. Não servia um qualquer objecto.

Cruzou-se com um rapaz mal-encarado, devia ter aproximadamente a idade dele mas não vestia um casaco azul, nem tinha os olhos negros como breu. Estendeu-lhe a mão onde brilhava um relógio “é de marca, 30 euros”, disse. Um relógio. Levar-lhe um relógio. De marca. Provavelmente roubado, não se sabe onde. 30 euros. Não tinha nem metade de trinta euros e um relógio, mesmo de marca, não era nada especial. Serviria, quando muito, para atrasar as horas que lá permanecesse, ou nem isso, os relógios de marca não atrasam.

Entrou no centro comercial. Ali as lojas estavam abertas à noite, encontraria o que procurava. Tinha de ser alguma coisa especial. Parou e recordou as míseras moedas no bolso. Não chegariam para grande coisa e ele queria levar-lhe algo muito especial. Atravessou o centro e acabou por sair de mãos vazias, pela outra porta.

Chegou à rua dela. À porta dela. Parou. Hesitou. Queria levar-lhe algo especial. Um presente inolvidável e continuava sem nada. Ficou ali, estático, petrificado, em desalento, a olhar a campainha.

Não queria entrar sem lhe levar algo. Pensou que podia ter comprado um livro no centro, mas sabia que as poucas moedas não teriam permitido. Pelo menos uma flor, não era nada de muito importante, mas não chegaria lá no seu metro e noventa, de mãos vazias. Tinha consciência da enormidade do seu corpo másculo e da pequenez dos seus bolsos.

Queria levar-lhe algo que ela nunca mais esquecesse. E estava ali, parado em frente à porta sem nada, além de si. Tocou.

Ofereceu-se-lhe."

quarta-feira, abril 18, 2007

Paixão


Bebíamos Green Sands e ouvíamos o Angie. Tínhamos no sangue a rebeldia da idade.
Queríamos abraçar o tempo e cerrávamos as mãos para agarrar a vida... a vida que sempre nos parecia correr depressa demais.
Fazíamos dos portões do liceu a nossa porta para o Mundo... um mundo só nosso, onde podíamos ser quem quiséssemos, onde éramos livres.
Eu era aquela menina franzina, de caracóis longos e olhar sonhador. Tu esbanjavas sorrisos marotos numa pose à la Don Juan.
Eu era um nascer do dia calmo e sereno. Tu eras um pôr-do-sol que anuncia uma noite quente de Verão.
Eu desejava alcançar as estrelas. Tu querias ser o céu!
Éramos dois, mas éramos um só.
Soltavas palavras ao som da tua viola. Eu soltava sonhos ao som das tuas palavras.
Trocávamos olhares cúmplices em silêncios prolongados.
Éramos tão diferentes. Éramos tão iguais!
Presos por uma paixão adolescente, livres na certeza que seria eterna.
Gravámos os nossos nomes no livro das memórias e guardámos momentos no baú da saudade.
Jurámos nunca esquecer aquela paixão.

Hoje ouvi o "Angie"... e lembrei-me.


E tu, ainda te lembras?

sexta-feira, abril 13, 2007

O meu "Pedaço" # 13

Falamos de amor. Inventamos as nossas vidas, e esquecemo-nos de tudo.
Ela é o meu amor, e eu sou o amor dela. Damos as mãos... mas não fazemos nada... mas também não reparamos.
Não vamos a lado nenhum... não podemos... mas mesmo que pudéssemos, não iríamos.
Não fazemos planos... não os temos... estamos juntos de vez em quando, e é a única coisa com que nos importamos.
Ela não me ama como eu a amo, mas eu também não a amo como já amei. No entanto falamos como se nos amássemos mais que nunca... nada mais é importante... e o meu coração morre sozinho...

quinta-feira, abril 12, 2007

I'm so sorry Art


E desejo que o tenhas festejado muito bem
Um grande, enorme, gigantesco, beijo para ti

sábado, abril 07, 2007

Vida...

... é aquela "coisa" ali à frente! Para quê olhar para trás?!


segunda-feira, abril 02, 2007

aldeia global

Existe no mundo um espaço de cor, imagem, palavra e sentimento.

Um espaço que não posso tocar, não consigo cheirar, não vejo, só sinto.

Um espaço onde uma multidão se move, se expõe, se comunica.

No mundo em que vivo existe um espaço de medos, pavores e saberes. De guerras e de paz, de amizades e… amores.

Espaço ilimitado, grandioso, de pequeninos espacinhos abertamente privados.

Sem me mover, saltito em cada um deles. Olho. Viajo. Desvendo. Medito.

Sem corpos, sem rostos, sem vozes, sem cheiros, sei que estão lá. Adivinho-os.

Reconheço-os quando me estendem a mão. Amparo-os no meu colo.

Sorriem no meu riso e nas lágrimas que escasseiam.

Falo-lhes ao ouvido palavras que não ouvem e escuto-os no silêncio da música que escolho.

Existe no mundo um espaço imenso onde todos cabemos num monitor. Guardo-o na caixinha preta que transporto enquanto vivo neste mundo.


Chamo-me Ana, Maria ou Joana. Devo ser morena, loira ou ruiva. Talvez seja professora, balconista ou agricultora. Criança, adolescente, adulta ou anciã.

Existe no mundo um espaço infinito, onde não temos corpo, não temos rosto, nem temos voz mas existimos, cada um de nós. Eu sei, porque o sinto quando o leio.


Existe no mundo um espaço onde escrevo…

Largo pedaços de mim...

for you…

and me.