Neste pedaço cada um fala do que quer, do que gosta, do que lhe diz alguma coisa.
Eu gosto de falar de sentimentos, de emoções, de relações humanas. Por isso aqui trago mais um texto, hoje sobre o amor.
Talvez seja tão simples, tolo e natural que nenhum de nós tenha parado para pensar como aprender a fazer bonito o nosso amor. Aprender, apenas, a tão difícil arte de amar bonito.
Tenho visto muitos amores por aí: amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva, mas todos se esbarram na dificuldade de se tornarem bonitos. Apenas isso: bonitos... Amores que são verdadeiros, eternos e descomunais de repente são ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram, exigem, rotinizam, descuidam, reclamam, deixam de compreender, necessitam mais do que oferecem, precisam mais do que atendem, enchem-se de razões. Sim, de razões. Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre sente-se no direito de reivindicar, de exigir justiça, equiparação, sem aceitar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Ter razão é um perigo: em geral, enfeia o amor, pois é invocado com justiça mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão. Ponham a mão na consciência! Têm certeza que estão a fazer o vosso amor bonito? De que estão a retirar do gesto, da acção, da reacção, do olhar, da saudade, da alegria do encontro, da dor do desencontro, a maior beleza possível? Talvez não... Cheios de razão, nós esperamos do amor apenas aquilo que é exigido pelas nossas partes necessitadas, quando talvez dele devêssemos pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer.
Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo, deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual a uma criança. E, sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.
Não temam o romantismo. Derrubem as cercas da opinião alheia. Façam coroas de margaridas e enfeitem a cabeça de quem amam. Adiem sempre, se possível, com beijos, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca. Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo dessa atenção cobrando a que deixou de ter.
Não teorizem sobre o amor, amem. Sigam o destino dos sentimentos aqui e agora.
Sejam vocês cantando desafinado, mas todas as manhãs, falando coisas sem importância, mas criando sempre, sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que aprendemos em criança sem medo de dizer: eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.
Talvez assim vocês consigam fazer o vosso amor bonito.