Tenho Medo! Muito medo!
Diziam-me um dia que um norte-americano apenas considerava dois sentimentos. O Medo e o Amor. Não sei, talvez. Mas se partirmos destes para chegarmos a outros, talvez tenha razão. É o medo que desencadeia um sem número de sentimentos, reacções, atitudes, escolhas, acções e até consequências. Já o amor, nem sempre traz sentimentos nobres e bons, com intuito positivo. Por vezes também desencadeia o ódio. Paradoxalmente ao que à primeira vista possa parecer. Momentos há em que nada disto vale a pena, outros parece que tudo vale a pena. De facto, passados estes anos e “O fio da navalha” continua bem actual, pena é que não haja aviadores apaixonados por saber o que procuram sem nunca desistir de o procurar. E mesmo quando o encontrou, optou por viver à margem de tudo. Curioso, mas não tanto.
Tenho raiva de quem não tem objectivo, mas também tenho raiva de mim que me intimidam, mesmo que sejam breves os momentos. Abomino a hipocrisia, mas até aqueles a quem chamo amigos, têm dois pesos e duas medidas, uma para os amigos, outra para os outros. Como pode ser o ser humano tão dissimulado, mordaz e tão vil?
Pior que isto é “marcar-se” algo ou alguém, porque foi bem sucedido ou está feliz. A felicidade incomoda, muito mais do que se imagina. Normal é não o ser, é estar sempre à procura, é querer um aparelho para os dentes, só porque o amado também tem um. E mesmo que esse caos que pede “save me” admita que afinal não sabe onde colocar o amor… continua a ser normal. Procura-se anormalidade em gestos normais, banais e comuns. Se tal acontecesse num outro país, aí todos reconheceriam que entre estranhos tudo é permitido. Até sermos livres de nós. Se pelo contrário o formos sempre, então algo não bate certo.
Continuo com medo… Tenho vontade de chorar, do quê, nem sei bem. Ou talvez saiba. É tão inútil, as nossas vidas, a nossa luta diária, para de um momento para o outro, tudo se desvanecer, tudo apagar. E quando pensamos, um dia vou fazer isto e dizer isto e ir aqui e ir ali… percebemos que não valerá mais a pena ir, dizer ou ver seja o que for. Foi tarde demais! Incrível é afirmarmos a nós que não nos vamos abater, não estamos muito ligados, que nos fez sofrer em tempos e que é a ordem natural da vida.
Não quero perder nenhum minuto em que podia ter feito, e não fiz, queria abraçar e não abracei, beijado e nem toquei, amado e nem gostei…
Quem me conhece pouco, diz que sou inconstante… Quem me conhece mais, diz que sou misterioso. Quem verdadeiramente me conhece, sabe que sou uma criança assustada.
Consola-me uma frase de Gabriel Garcia Marquez:
“Nunca deixes de sorrir, nem sequer quando estás triste, porque nunca sabes quem se poderá apaixonar pelo teu sorriso.”
Mas o pior é “Aliud in ore, aliud in core”, o coração sente e a boca mente.
E tu, não sentes medo e raiva por não fazeres do agora o último da tua vida?
“Ama e faz-te amar. Abraça, beija e deixa-te tocar.”
Gostaria de saber o autor, mas não sei. Gostei e partilhei...
Estarei ausente alguns dias, deixo um beijo a cada um de vós e a promessa de voltar...