O nexo e a verdade
A necessidade faz eclodir o engenho e a ocasião faz explodir o sujeito. Não há máquina sem sonho subjacente, nem solução sem problema adjacente. Sonhar, anima a malta. Acreditar, é o que faz falta. Recordar Gedeão.
Dar de vencida a paixão pela coisa, não valoriza os sentidos - que o disse Leonardo.
O génio é incipiente, o louco é vidente e herói é o agente.
Para tudo existe um meio: a virtude. Mora numa casa a que todos chamam sua mas poucos a pernoitam. Somos virtuosos nas obras desfeitas. Tudo malta porreira. Prato cuspido é prato servido. Cuidemos da obra feita. Valha-nos Deus!
Em todas as coisas há causas que motivam os homens e as mulheres crentes. A fé alimenta o espírito, dedicado e indissolúvel, nas contendas do fala só ou ao cardume de Vieira.
Opulentos espíritos enfardam os magros proveitos dos que não vingam. Barrigas ocas e cabeças boas, não combinam – excepção a Teresa. Uma migalha de pão faz milagres. Justifica-se Sudão?
Na Geografia, somos: “inos”, “eiros”, “eses”, “itas”, ”avos” e “anos”. No Mundo, fazemos de: pequeninos, estrangeiros, fregueses, eruditas, parvos e humanos.
Na Sociedade, parecemos: rabinos, forasteiros, malteses, parasitas, cravos e ciganos.
Na Vida, queremos ser: peregrinos, herdeiros, burgueses, alvos e mundanos.
O que nos motiva é o que nos consome. Falha a sensatez numa casa farta e quebra a lucidez num homem com fome.
O prato cheio não é tudo e vazio não é nada. Nem só por pão morre o Homem. Só a razão é eterna paixão.
A verdade é uma inacabada manta rota de retalhos. Devia ser escrita e subscrita, conjuntamente, por todos aqueles que a: procuraram e a encontraram, ouviram e a contaram, hesitaram e não desistiram, lutaram e tombaram, venceram e convenceram e por nós (que confiamos neles e a aceitamos passiva ou activamente). Somos dela merecedores, não do castigo. Conhecemos o ABC dos tempos mas muito pouco de Z. Oramos a Alá, rezamos a Deus ou somos ateus. E seguimos Buda e apostulamos Cristo e lemos Gandhi e acreditamos nos homens e não somos fariseus.
O que nos fascina é atravessar o denso nevoeiro que envolve o sonho. Esperamos Sebastião?
Perante o Inferno, optemos por Dante. Andamos confusos?
(são 6:30h, vou aquecer chá de cidreira e fazer uma torrada com mel. Volto já.)
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Pedro Arunca
2008-01-31