Não sei que peça falta no Lego da minha curta (?), mas verdadeira, inexistência. Não nego o que desconheço, nem alego o que me despertence. Há, de incerteza, qualquer falha no esquema da minha desmontagem. Não fui sempre assim. Sinto-me incapaz de me imaginar assado, por falta de maneiras. Nem santo, nem animal de presépio e muito menos um rei magro. Ai, Jesus. Já fui menino!
Não me atolo no cimento, porque é dura a ecoexistência. Penso e pego no que me vai na inconsistência. Ergo, cogito e pum! Revejo-me mais no Egas monstro e menos no Moniz. Não busco qualquer tipo de prémio. Sinto o desapego de qualquer coisa. Comia uma bolacha.
Não sou fã das alturas, mas nunca me adego em copos baixos. O sangue - meu lado positivo - ainda corre tinto, como um rio. Conduzo desembriagado, contrário ao sentido das coisas, sem desatropelos e não agrafo ninguém contra a parede. Respeitando as bermas, apenas derrubo as placas depois das ervas e dos arbustos que se antecipam aos sinais (do tempo?). Lembro de, em nenhures, ter lido: “Bem-vindo a Moitas” e “Hospital 500m”. Enfim, são os atalhos para a morte dum paciente. Quem não sente tem o corpo dormente.
Sou um contribuinte incomum que declara, comodamente na Net e fora de prazo, os seus impostos e paga, a horas, as respectivas coimas. Evito as bichas e as pessoas das repartições, poupando as senhas de vez. Só de me lembrar da última, vez, que estive numa fila para o IRS, do senhor, com a senha nº 70, declarar a quem o não queria ouvir: - Aquela funcionária está há mais de uma hora com o 69! Sem comentários… Não há pernas que aguentem tantas demoras em pé.
Olhamos para a Política e para a Religião da mesma reforma. Não lhes revejo fronteiras: quase tudo se traduz em promessas e se resume a milagres. Dum lado, os que prometem futuros milagres e não cumprem. Do outro, os que cumprem promessas aos que no passado fizeram milagres. O crente é sempre o pagante. Por isso, apego-me ao futebol e pouco ligo à fé.
Quem não deve não treme.
As bolsas e os mercados não têm terras, fábricas e poços de petróleo, somente determinam o preço que pagamos para viver. Há um monopólio sem regras, onde crescem as ruas hipotecadas e praças vazias que ninguém compra. Se o diabo se lembra de cobrar os seus serviços vamos pagar ainda mais pelo pão. É previsível uma nova explosão demográfica de chineses – dos que não ganham pró arroz . Dirão xau-xau à terra que os viu comer e convertidos em comerciantes repovoarão, com lojas coloridas, as ruas de outros países. Cêntimos que não chegam para o petróleo. Barris de dólares inconvertidos para atestar a minha incapaz viatura. Não tarda, veremos anúncios para venda de carros usados, do tipo:
“Procuro dono com poder de compra”, “Gasto 100€ aos 100” , “Ano 2008. Impecável com 10 km”, etc.
Sete da manhã. A rua cheira-me a batatas fritas. O autocarro que vai para os Prazeres tem escrito: “movido a óleo Fula”. Ou estou fulo ou o pessoal anda mais frígido.