quarta-feira, abril 23, 2008

O meu "Pedaço" # 18

Sei o quanto doem as desilusões.
Não falo daquelas que existem no amor, e que fazem pender a balança uma vez para um lado, outra para o outro, até que um dia tudo se desmorone com um silêncio ensurdecedor.
Falo das relações de sangue, que deveriam perdurar toda a vida, que crescemos a acreditar que são sagradas, e imunes a todos os males.
Mas é mentira!!!
A vida corrói as relações entre adultos, porque as pessoas crescem de formas diferentes, e amadurecem muitas vezes com amargura, raiva, e frustração.
É triste, mas é verdade...
Tenho cada desilusão que a vida me trouxe cravada na pele como se fossem cicatrizes.

segunda-feira, abril 21, 2008

Pedaços de memória

Caminha por aí sem se importar muito com o que encontra. Apenas tentando repescar lembranças sumidas. Alguém lhe reavivara a memória sobre algo que possuira em tempos idos.

Aqui e ali vai reconhecendo uma letra, um parágrafo, uma palavra. Separadas surgem sem nexo, sem sentido, sem significado. Juntas constroem puzzles, ou nadas, ou tudos...

Sem caminhos pré-definidos, avança, recua, pára, vira...

Aqui e além vai tomando novas estradas, cruzando novas estações, ultrapassando novos precalços. Sem querer ou por querer, sei lá, estaciona nalgumas paragens porque algo lhe é familiar ou... porque a fazem sorrir.

Afinal, tudo na vida é uma cadeia e em tudo na vida há coisas que nos fazem rir e gente que nos obriga a sorrir. Uma delas são os amigos, bons ou menos bons porque alguns têm tanto de anjos como de demónios, reais ou não porque o sentimento pode ser forte sem corpo; mais ou menos anónimos, porque como eu ou tu podem não ter nome; mais ou menos coloridos porque como respondia alguém à pergunta “e tu não tens mesmo, mesmo, mesmo amizades coloridas?”:

Não. Já me posso ir embora? É que combinei um café com uma amiga...

E sem querer, a pouco e pouco, foi renascendo talvez porque há pessoas que “costumo ser um bom amigo com quem estar” e não se enganam, mesmo que tenham a mania de sonhar com dias de sonho em que não se levantam às 6:37h da manhã.

Ou simplesmente porque deixam tanto em nós que nem tentamos quantificar...

domingo, abril 20, 2008

Amy Winehouse

Simplesmente tou fã... aconselho a ouvir o album "Back to Black"...
Hoje apenas deixo aqui uma dica de uma das minhas músicas preferidas...
Love Is A Losing Game

For you I was a flame
Love is a losing game
Five story fire as you came
Love is a losing game

One I wish I never played
Oh what a mess we made
And now the final frame
Love is a losing game

Played out by the band
Love is a losing hand
More than I could stand
Love is a losing hand

Self professed... profound
Till the chips were down
...know you're a gambling man
Love is a losing hand

Though I'm rather blind
Love is a fate resigned
Memories mar my mind
Love is a fate resigned

Over futile odds
And laughed at by the gods
And now the final frame
Love is a losing game

sábado, abril 12, 2008

Silêncio


Pequenos pedaços de mágoa, de raiva e de ódio, sentimentos escondidos nas palavras, palavras que magoam, que num ápice nos rasgam a pele e nos apertam o coração. Tudo são palavras, apenas palavras…
Enormes pedaços de morte, de sufoco e desespero, sensações contidas no silêncio, esse teu silêncio profundo como as trevas que atravessam a minha alma, escuridão tremenda que me assola o coração e me faz desejar…
Desejar não acordar, respirar, abrir os olhos para a ténue luz que me entra no quarto.
Vivo nas sombras da memória, nos cantos escondidos do beijo, na ténue saudade das mãos vagueando perdidas no meu corpo. Perco-me nas recordações da voz do calor do abraço, nas lágrimas caídas no ombro.
Farto de viver nas ondas desta tua ausência, nas ondas deste teu terrível silêncio.
Tudo o que me resta de ti, tudo o que me resta de nós…

Silêncio…

Apenas silêncio

quarta-feira, abril 02, 2008

O Camponês e a Rapariga

Era uma vez um camponês de pensamentos simples e poucas posses que se apaixonou pela rapariga mais bonita da aldeia. Ela tinha tudo o que a ele lhe faltava: graça, inteligência, popularidade, brilho, mistério. Ela era bonita, ele igual a tantos outros. Ela era alegre e divertida, ele timido e metido consigo mesmo. Ela era fogosa e provocadora, ele mais parecia uma mosca morta. Ela tinha graça quando andava, ele parecia que tinha os sapatos pequenos para os pés. Ela brilhava, ele era fosco como uma lâmpada. Ela tinha a força do sol, ele a sombra da lua. Ela não gostava de ninguém e ele gostava dela.

Um dia, junto á fonte, declarou-lhe o seu amor e ela riu-se dele. Então ajoelhou-se aos seus pés e jurou-lhe amor eterno. Ela riu-se novamente e respondeu com escárnio e desprezo: amor eterno, isso não existe. Mas ele não desisitiu. Queria amá-la para sempre e estava disposto a honrar o seu amor por ela.

Então ela olhou para ele com mais atenção e pensou que até podia amar um dia aquele homem, tão igual a tantos outros, e lançou-lhe um desafio. Durante cem dias e cem noites ficarás debaixo da minha janela á minha espera. Faça chuva ou faça sol, caia neve ou trovoada, noite e dia, dia e noite. Cem dias e cem noites. Se aguentares tanto tempo, então é porque mereces o meu amor.
O camponês regressou a casa com o coração cheio de esperança. Cem dias era um preço baixo a pagar para ter a sua amada. O tempo iria voar, tinha a certeza.

No dia seguinte, fez um farnel e foi para debaixo da janela dela. Esperou que ela aparecesse e acenou-lhe quando a viu espreitar por entre as frestas das portadas. O mesmo aconteceu na segunda noite. E na terceira. E na quarta. E em todas as noites que se seguiram.
Todos os dias, a qualquer hora, lá estava ele, á espera de um sinal dela, para lhe mostrar que estava ali, de pedra e cal á espera de merecer o seu amor. Acabou o Verão. Chegou o frio. Depois a chuva. Depois a neve. E o camponês sempre perfilado como um soldado na parada, á espera que ela o espreitasse pelas portadas para lhe poder mostrar que estava ali, a cumprir o seu designio, a resgatar a sua promessa.

Nunca durante todos esses dias ela abriu a janela para o saudar. Nunca lhe abriu a porta e o convidou a entrar e descansar da sua vigilia. Nunca lhe ofereceu um sorriso, uma palavra de afecto, um instante de atenção.
Mas ele continuava lá, agora já cansado, enregelado pelo frio, ferido pela indiferença dela, desgastado pelo vento e pela chuva, faminto e triste, sentindo-se cada vez mais só...

Na nonagésima nona noite ele esperou mais uma vez por ela. E mais uma vez ela não apareceu. O camponês abanou a cabeça, sentou-se no passeio e chorou durante muito tempo. Tanto tempo que a noite passou e o dia começou a nascer.
Tantas horas de espera, tantos sonhos no seu coração, tanto amor para dar e afinal nada valera a pena. A rapariga continuava a ignorá-lo, a fazer troça do seu amor. Sentado no passeio, chorou e viu as suas lagrimas formarem um fio de água que ia ter ao rio, e este ai ter ao mar. Viu o seu amor diluir-se, sentiu que a sua paixão não era nada, comparada com outras paixões que moveram mundos, povos e montanhas. Era só mais um fio de água que corria para se juntar ao mar.

Foi então que o camponês percebeu. Percebeu que não era ele que não era digno do amor dela, ela é que não merecia o amor dele. Que tudo o que ele amava naquela rapariga era uma ilusão, não existia. Que o seu esforço só lhe tinha servido para aprender a conhecer-se e a aceitar-se melhor a si próprio. Era um homem livre.
E no dia seguinte, quando ela abriu a porta para se entregar a ele, rendida por tanto amor e paixão, ele tinha-se ido embora...


Texto e Imagem gentilmente cedidas por: Claudia Morais, a habitar no blogue " Ser ou não Ser"

Espero que gostem tanto quanto eu....

terça-feira, abril 01, 2008

O Meu Olhar Sobre o Mundo


E eu, e tu
Perdidos e sós
Amantes distantes
Que nunca caiam as pontes entre nós

fotografia: Å®t Øf £övë
música: Pontes Entre Nós