domingo, março 30, 2008

Persegue um sonho...



Persegue um sonho, mas não o deixes viver sozinho!
Deixa-te levar pelas vontades, mas não enlouqueças por elas!
Acelera os teus pensamentos, mas não permitas que eles te consumam!
Procura os teus caminhos, mas não magoes ninguém nessa procura.
Arrepende-te, volta atrás, pede perdão!
Não te acostumes com o que não te faz feliz,
Revolta-te quando julgares necessário.
Alaga o teu coração de esperanças, mas não deixes que ele se afogue nelas.
Se achares que precisas voltar, volta!

Se perceberes que precisas seguir, segue!
Se estiver tudo errado, começa de novo.
Se estiver tudo certo, continua.
Se sentires saudades, mata-as.
Se perderes um amor, não te percas!
Se o achares, segura-o!

Fernando Pessoa

sábado, março 29, 2008

Tempo ao tempo

Já há algum tempo que não escrevia nada aqui… espero não ser penalizado… :)
Por falar em tempo, vou falar de tempo. Mais precisamente das horas de verão.

Prefiro horas de verão. Dias grandes. Sol à noite. Boa disposição até tarde. Sorrisos até à noite.
Dias grandes. Dias positivos. Cheios de energia. Com mais vida.
Horas de inverno deprimem-me. Cortam-me. Só gosto dos primeiros dias. Depois cansam-me.
Verão é cor. Calor. Alegria.
Horas cheias. Horas quentes. Horas grandes. Horas vivas.

É rua. É sol. É esplanada. É mar.

São palavras feitas conversas. São conversas feitas sensações.
É dar tempo ao tempo. Livre.

Gosto das horas de verão.
Pronto!

sexta-feira, março 28, 2008

Memórias da Alma sem Luz

Tenta esquecer a percentagem de água que te compõe, apaga da alma o amontoado de pele e ossos que te estruturam. Guarda bem guardadas todas as memórias no recanto do bolso. Não penses, não chores, tenta afastar os medos. Não sussurres baixinho os segredos…
Viaja apenas com a tinta da alma e escreve… Descreve com mágoa ou carinho toda a composição lógica do ser, todas as dores, todos os males. Despeja agora os suspiros escondidos, as paixões mal revolvidas, a banalidade de uma viagem no parque.
Folha após folha, mágoa por mágoa, lágrima por lágrima, tenta transpor em papel a cor de tua alma…
Agora guarda, guarda em cada recanto de tua casa, em cada palha de teu ninho, guarda cada folha bem longe da alma, bem longe da vista, dia após dia, ano após ano…
Volta a pegar um dia, alguns anos depois, muitas memórias passadas, muita fome vivida, muita dor traída, volta a pegar em tuas memórias, em cada pedaço de alma estampada no papel.
Junta de novo todas as folhas, todas as tuas histórias e atira-as bem alto no ar, mil e uma memórias caídas do céu, sem tempo sem espaço e sem sentido, volta a pegar sem organizar, sem sequer olhar…
Lê de mente aberta, cada pedaço teu…
E descobre quem és, encontra a cor de tua alma, descobre quem realmente és…
Todos nós somos memórias, todos nós somos passado…


NunoSioux 2008 in: Memórias da Alma sem Luz

segunda-feira, março 17, 2008

Coragem

Não sou amarga, por mais que me contrariem o coração. Sou apreciadora de homens com sensibilidade, e com bom senso, embora normalmente o bom senso seja muito relativo...
Desde muito nova que me apaixono com facilidade, por isso decidi trocar o termo "paixão" por "fascínio", porque me fascino com tudo o que as pessoas têm para me mostrar, e com tudo o que lhes posso conquistar. Gosto desta luta, que por vezes se assemelha à improbabilidade de encontrar uma casa de banho limpa num festival de Verão.

Uma desta noites sentados na mesa de um bar, e com a vista mais bonita com que poderia sonhar como pano de fundo, ele por quem me sentia apaixonada, disse-me:
"É estranho, mas eu nunca me senti tão à vontade a falar com ninguém como contigo"
E eu perguntei: "E isso é bom, ou mau?"
Ele respondeu-me: "É assustador"
Depois dele me dizer isto a música do bar parou, e os empregados limparam os últimos copos. Então eu quase a cambalear levantei-me, fui até ao balcão, e ajudada por tudo o que tinha bebido e ouvido, dirigi-me ao barman e disse-lhe:
"Eu percebo que queiram todos ir para casa descansar, mas não parem a música, para não me pararem este momento"
Voltei à mesa dos copos vazios, de todas as palavras que ele ainda não me tinha dito, e de todas as confissões, e voltamos a ouvir a banda sonora da noite, que por acaso era péssima devo dizer, mas o que quer que fosse teria soado bem naquela noite.
Saímos do bar directos para o carro, de mão dada, e unidos pela paixão. Ele deixou-me em casa e fui dormir. Nunca mais estive com ele...!!!

Vejo-o muitas vezes, ele sorri-me a medo, e eu procuro nem olhar para ele. Quando estou acompanhada, ele arrisca em vir dar-me um beijo, porque sabe que assim não corre o perigo de eu o questionar. Vem com o seu ar "politicamente correcto" e pergunta-me: "Estás boa?". Depois afasta-se confiante, e com a sensação de ter cumprido o seu papel.
Deve pensar que eu acho que ele até é um gajo porreiro... e até acho, só que para mim um gajo porreiro é uma coisinha insuficiente, porque na minha avaliação, seja de uma queca, ou de um amor, a positiva só começa a partir da coragem.

Não percebo como ele pode ter sido tão cobarde, e há de certeza quem ache que eu deveria vingar-me dele, enxovalhá-lo, ou desprezá-lo num momento "politicamente correcto", mas eu nunca lhe faria uma coisa dessas, porque a vingança é uma motivação muito perigosa, por isso prefiro sorrir, sabendo que um dia ele vai lembrar-se de mim quando precisar de coragem.
A coragem só podia ser mesmo uma palavra feminina...

sexta-feira, março 14, 2008

Mais um pedaço...

Portal Liquido, Francisco Panachão


Estava a ouvir Maria João Pires a tocar e pensava… “Que raio, de facto, quando algo faz parte de nós, mesmo que só muito tarde seja descoberto, não há nada nem ninguém que nos faça separar daquela sensação”. Isto, porque pensando com os meus botões, tinha a impressão de que nem escrever conseguia, pelo menos, não como antes. Só que, associado ao piano que estava a ouvir surgiu o pensamento: “Se já soubeste tocar piano alguma vez na tua vida, o escrever não é mais do que isso mesmo. Escreve como se tocasses piano!”.

Estranho… mas o que é certo é que enquanto escrevo através de um teclado, estou a usar as mãos da mesma forma que usaria para tocar…

Vi há dias um filme que já aqui foi falado (“A Estranha em mim”).
Já muita coisa mexeu comigo e este foi mais um dos filmes que na verdade, tocou fundo!
Para além de uma interpretação genial, o filme trata de um assunto deveras subjectivo mas muito importante. Até que ponto conhecemos os nossos limites?
Lembro-me de numa determinada aula um professor nos ter dito: “A linha que separa o normal do patológico, é somente um fio de cabelo!”. Esta frase em determinado contexto faz todo o sentido, mas se fizermos uma analogia para os limites que acima falo, estamos perante a mesma situação…

Só experimentamos determinadas sensações/sentimentos se formos expostos a factos que nos determinem essa direcção. Enquanto tal não acontece, podemos fazer uma ideia, mas… muito ténue. Todavia, se algo nos obrigar a ter que chegar ao nosso limite, é como se passássemos uma película de água, da qual nem nos apercebemos.

Lembro-me de algures no mesmo filme, ouvir uma frase idêntica a esta: “ Uma estranha é o que és agora e… já não há regresso!”.

Recordo a frase de Albert Einstein, muito usada por uma grande amigo que já não se encontra entre nós - “A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original”.

Não é fácil depararmo-nos com o estranho que há em nós, mas uma vez encontrado, seja de que forma for, não há regresso possível ao que antes éramos. Passamos a existir de uma forma diferente, modificamo-nos e, talvez essa seja a nossa forma de evolução…

sexta-feira, março 07, 2008

Pedaços de mim

Às vezes é dificil prosseguir... Parece que tudo é contra... Parece que o céu desaba... Parece que ninguém entende e tudo conspira...

Às vezes a saudade aperta... Às vezes não se pode explicar... Ou não se consegue...

Às vezes não lembramos e ficamos confusos... Às vezes não compreendemos... Ou não queremos...

Como é que explico que te recordo. Que te sinto. Que te oiço.

Como lhes explico que durante aqueles dias e todas aquelas noites nos mantivemos abraçados... E que isso fez aquelas máquinas não pararem.

Às vezes é possível sentir mesmo quem não está. Às vezes o beijo é tão longo que não acaba.

Às vezes o amor é tão forte que se torna eterno. E eu sei que partiste mas ficaste em mim.

Como explicar que eu sei. Eu também sei tal como eles, mas como posso dizer-lhes... se não quero...