terça-feira, dezembro 30, 2008

Quero é viver!


Vou viver!
Até quando eu não sei
Que me importa o que serei
Quero é viver
Amanhã
Espero sempre um amanhã
E acredito que será
Mais um prazer
E a vida é sempre uma curiosidade
Que me desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir
A vida em mim é sempre uma certeza
Que nasce da minha riqueza
Do meu prazer em descobrir
Encontrar, renovar, vou fugir ou repetir
Quero é viver!
(António Variações - Humanos)
Se as doze badaladas tivessem aquele poder mágico de tudo mudar em segundos, se os desejos secretamente pedidos ao sabor das doze passas devoradas fossem uma doce certeza, eu pediria, apenas e somente, para esquecer...
2008 foi um ano difícil, um ano de muitas lutas em vão, de muito desgaste emocional, de muitas perdas... e a maior de todas, para mim, fui eu mesma.
Perdi-me, deixei de me ver, de me reconhecer, deixei de saber onde estava, ausentei-me.
Procurar culpados, é inútil. Encontrar respostas, quem sabe um dia...?
Sim... pediria para esquecer.
Mas as doze badaladas não são tão mágicas como gostaríamos e, no dia seguinte, o sol nasce da mesma forma e tudo continua no mesmo lugar. Aquele passado que queremos deixar lá atrás, foi apenas ontem... e não se afogou em taças de champagne.
Pedir para esquecer é querer andar mais depressa que o próprio tempo, é inventar uma mentira que nos coloca um sorriso forçado no rosto e nos obriga a procurar soluções rápidas que, no fim, ainda farão mais estragos.
Então... não peço para esquecer.
Peço apenas para viver... quero é viver... viver para juntar os pedacinhos perdidos, viver para me encontrar e reencontrar, viver para saborear o que vier amanha, viver para dar ao tempo o tempo que for preciso para esquecer... e então viver!
Desejo a toda a família do Pedaços um 2009 cheio de vida!

sábado, dezembro 27, 2008

um pato mal encarado rebocando duas bolas e um barrigudo de uma perna só

Olhou-o de frente, fitando-o insistentemente, profundamente.

Gordo, barrigudo, de uma perna só, fazia-se acompanhar de um pato que puxava desesperadamente duas bolas redondas e ocas.

Vacilou… não tinha bem a certeza se desejava confiar nele, afinal… que lhe poderia dar de valor?

Voltou-se intimidada em busca do outro que já conhecia, talvez não fosse grande coisa, talvez nem fosse bonito. Meio atabalhoado, meio enxofrado. Um bocado agressivo, tempestuoso e um bocadinho mentiroso, mas ainda assim… algo generoso, um pouco bondoso, embora um niquinho preguiçoso. Chamou-o, na voz mais alta que conseguia “espera, não te vás embora!” mas já estava a ir.

Restava-lhe o gordo, barrigudo de uma perna só, que se fazia acompanhar de duas ocas bolas, rebocadas por um fatigado pato.

“não sou melhor, nem pior; não sou bom e nem sou mau; definitivamente não serei igual, mas serei teu!”

Mirou-o desconfiada, melindrada, acanhada, desorientada… e de repente… avançou determinada “e porque não?!” afinal, o gordo barrigudo de uma perna só, estava mesmo ali e… o pato era o mesmo e podia entreter-se a encher as duas bolas. “bora lá!”, num ápice, por entre foguetes e jorros de espumante, entregou-se ao jovem gordo, barrigudo de uma perna só, acompanhado de um pato meio tosco, puxando duas velhas bolas.


2009

que o vosso seja excelente!

sexta-feira, dezembro 26, 2008

O Meu Olhar Sobre o Mundo

Bilbao... cada vez gosto mais desta cidade. Fico sempre com uma enorme vontade de voltar para descobrir novas rotas. Já sei que a política por lá pega fogo, e eu sou contra a violência terrorista, mas cada vez que vou a "terras bascas" entendo melhor o seu desejo de independência, porque eles têm um "país" muito diferente do resto de Espanha.



Bilbao
é uma cidade nascida do seu porto, e que fica no País Basco, que é uma região localizada entre o norte de França e a Espanha, e a principal característica pela qual é conhecida esta zona, é pela sua incessante luta pela independência. Mas isto por si só não chega para descrever esta zona, é demasiado redutor para tanta beleza.


Bilbao é uma cidade com personalidade, com um povo singular que sabe receber com atenção e simpatia, e ainda tem a sorte de contar com excelentes museus, edifícios, praças, e bairros muito interessantes. Os Bilbaínos têm também uma gastronomia que merece ser conhecida, onde em qualquer "biroska" se come muito bem, por isso podemos fazer em ir "de pinchos" pelo "Casco Viejo" um roteiro obrigatório.


Bilbao é uma cidade onde o moderno e o antigo se conjugam em perfeita harmonia. A parte velha de Bilbao (Casco Viejo) é o coração da cidade, e situa-se na margem direita da ria, entre a ponte de San Antón, e a Igreja de San Nicolás. Para além do famosíssimo Museu Guggenheim, tem também o Mercado de La Rivera, Igrejas bonitas, lindos passeios e jardins contornando a ria, bares animados, bons restaurantes, ruas limpas, e pessoas amáveis.

Desta vez não deu tempo para descobrir e visitar as cidades vizinhas, mas como sempre acontece, voltou a ficar a enorme vontade de voltar para continuar a exploração...


fotografias: Å®t Øf £övë
música: Abro La Ventana

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Happy Christmas



Um feliz Natal para todos

Se virem hoje o Pai Natal para o ano bebam menos , ok


terça-feira, dezembro 23, 2008

Tempo de Natal

A propósito do post anterior sobre o Natal, lembrei-me desta mensagem que recebi hoje a propósito da desejologia para o próximo ano:

"O que eu mais vos desejo para 2009:

Tempo!
Não vos desejo um presente qualquer,
Desejo-vos somente aquilo que a maioria não tem.

Desejo-vos tempo, para se divertirem e para sorrir;
Desejo-vos tempo para que os obstáculos sejam sempre superados
E muitos sucessos comemorados.

Desejo-vos tempo, para planear e realizar,
Não só para vocês, mas também para os outros.

Desejo-vos tempo, não para ter pressa e correr,
Desejo-vos tempo para se encontrarem,
Desejo-vos tempo, não só para passar ou vê-lo no relógio,
Desejo-vos tempo, para que fiquem;
Tempo para vos encantar e tempo para confiar em alguém.

Desejo-vos tempo para tocar as estrelas,
E tempo para crescer e amadurecer.

Desejo-vos tempo para aprender e acertar,
Tempo para recomeçar, se houver fracassos...

Desejo-vos tempo também para poder voltar atrás e perdoar.
Desejo-vos tempo, para ter novas esperanças e para amar.
Não faz mais sentido protelar.

Desejo-vos tempo para ser feliz.
Para viver cada dia, cada hora como um presente.
Desejo-vos tempo, tempo para a vida.

Desejo-vos tempo. Tempo. Muito tempo!"

segunda-feira, dezembro 22, 2008

mais um Natal

Natal… mais um Natal. Olhou pela janela o campo verde, a serra de um lado, o mar do outro. No jardim alguns narcisos espreitavam em redor do pequeno lago gelado. As gotas fortes da chuva escorriam ao longo do vidro. Puxou o cortinado. Aproximou-se da lareira para atear a lenha que crepitava. Sentou-se calmamente, no grande cadeirão ao lado da enorme árvore iluminada. O cabelo grisalho cortado, as rugas no rosto vincadas e a imensa ternura estampada. O ameno ambiente aconchegou-o e fechou os olhos sobre si mesmo.

De pijama azul e pantufas fofas, saltitava em redor dos embrulhinhos multicolores. Os caracóis emolduravam-lhe a face ligeiramente rosada, onde sobressaíam os grandes olhos negros como carvão. Toda a sua expressão se concentrava naqueles enormes olhos, no nariz pequeno e nos lábios muito vermelhos. Nas mãos os pequeninos dedos, de unhas imaculadas, desatavam avidamente os lacinhos e fitinhas sobre o papel colorido. A cada nova surpresa desvendada o sorriso rasgava-se e um radioso aaaaahhhhh soava por entre gargalhadas e obrigados.

Acordou, já passava das oito. Na lareira a lenha ardia em imponente chama escarlate. Atrás de si o peru sobre a mesa, as velas encarnadas nos castiçais de prata, o serviço de porcelana, os talheres do faqueiro, as nozes, as passas, as broas, os chocolates e o famoso bolo-rei. Syle rondava-lhe as pernas, saltitando em breves piruetas, num miar de chamamento. A campainha da porta suava insistente abafando a música de Natal esquecida na velha aparelhagem.

De robustas botas ensopadas, as calças pretas molhadas, o casaco azul salpicado, um chapéu-de-chuva a escorrer. Os caracóis caindo sobre a face, o sorriso aberto nos lábios muito vermelhos e os enormes olhos negros expressivos, no rosto suavemente barbeado. Nas mãos firmes o embrulho.


“está um tempo…”

“pois é filho… o tempo…”


FELIZ NATAL

domingo, dezembro 21, 2008

Christmas Countdown


Um FELIZ NATAL pleno de paz e amor na companhia dos que vos são mais queridos... é o que desejo a todos os @migos do "Pedaços de Nós"

sábado, dezembro 20, 2008

Lágrimas...

Lágrimas... de felicidade ou por ser infeliz
Lágrimas... de dor ou por insensibilidade
Lágrimas... de pertença ou pelo que perdi
Lágrimas... na tua presença ou pela tua ausência

Lágrimas... por amar ou odiar
Lágrimas... em chama ou na frieza do teu olhar
Lágrimas... por orgulho ou humilhação
Lágrimas... por coragem ou cobardia

Lágrimas... por afirmação ou negação
Lágrimas... por ignorância ou por saber demais
Lágrimas... pelo alívio no final de tudo
Lágrimas... por toda a parte ou em parte nenhuma

Lágrimas... sozinho ou no meio da multidão
Lágrimas... por não conseguir explicar
Lágrimas... por não conseguir conter
Lágrimas... por não conseguir compreender
Lágrimas... a razão... de chorar

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Lápis

Morrem de erosão, expostos e diminutos, sob tensão da lâmina afiada. Vida arriscada, riscada em inúmeros riscos, com números e letras. Perdem-se pelos pontos, sem conto, nos contos que nos conta. Chamados às contas, sem darem conta, fazem as contas da nossa cabeça. Sua vida curta, encurta enquanto a nossa história aumenta. Inventa linhas que não segue e caminhos que não reclama. Memória volátil, frágil. Se a mão for ágil, descobrem a fórmula como forma de vida ou acabam em escrita dissolvida. Por vezes escapam à desgraça da borracha que os ameaça, em jeito de traça, salva-se o seu trabalho, no traço dum rosto que traça ou, sem que seu gosto se sinta, sobre a tela e debaixo da cor que tem a tinta.
Alguém viu o meu lápis?