quarta-feira, novembro 26, 2008

Encontros

A vida tem surpresas que talvez compense aguardar.

Quem sabe, segredos tão bonitos que o amor quer revelar.

Nos encontros que esta vida, preparou para nos surpreender, são talvez encontros revelados a quem vive para amar.

Porque quem ama, entrega-se para servir e crescer, pois o amor é uma escolha de quem quer a felicidade.

sexta-feira, novembro 21, 2008

Ciúme

A dada altura todos os meios são válidos para alcançarmos um fim... o da nossa relação. É por isso que os ciúmes me envergonham, porque a agonia dos ciúmes surpreende muita boa gente.

Há quem use preservativo e seja apanhado na mesma. Há quem use óculos e deixe de ver. E há quem seja inteligente, e mesmo assim vá à bruxa.

Os ciúmes acabam sempre por ter a ver com a intensidade da paixão. Ou com a segurança que a outra pessoa nos dá. Ou ainda com a que temos em nós mesmos...
Ninguém sai ileso, embora haja quem se saiba comportar melhor.

Eu confesso que se estiver apaixonada sou ciumenta... saudavelmente ciumenta... Que é sentir aquela dorzinha na barriga sempre que alguma gaja deixa cair qualquer coisa ao chão só para ter que apanhar de rabo espetado para o meu mais-que-tudo. E olhem que a barriga já me doeu muitas vezes, por isso sei do que falo.

O ciúme cego, que não é saudável, só se começa a manifestar em nós quando começamos a fazer coisas que nunca nos veríamos a fazer, tais como espreitar telemóveis, remexer em bolsos, apanhar olhares que na nossa cabeça só podem ser para ele, vasculhar-lhe as coisas, ou cheirá-lo e achar que ele cheira a sexo (que não o nosso). E tudo isto é feio.

Suspeito que os homens não confessam os seus ciúmes com medo que a voz lhes falhe. Já nós mulheres, é só garganta, por isso sai-nos tudo em discurso descoordenado para desfazer o nó que a dúvida emaranhou.

Nenhum homem gosta de assumir que a mulher lhe pode fazer mossa quando é cortejada por outro homem. E ela passou a dar importância ao colega que reparava nos seus pormenores, e ele acaba por asfixiar nos ciúmes que nunca teve. Acontece muito, não é?

Mas também pode acontecer o contrário. Ela nunca achou que havia razões para ter ciúmes. Era mais bonita que ele, e teimava em subestimá-lo. Um dia ele conheceu alguém como ele, e nunca mais viu beleza nela.

Desprezar os ciúmes é mau, mas tornarmo-nos desprezíveis por causa deles é capaz de ser pior. Por isso, entre homens e mulheres venha o ciúme e escolha.

terça-feira, novembro 18, 2008

XX

Puedo escribir los versos más tristes esta noche.

Escribir, por ejemplo: "La noche está estrellada,
y tiritan, azules, los astros, a lo lejos."

El viento de la noche gira en el cielo y canta.

(…)

Aunque éste sea el último dolor que ella me causa,
y éstos sean los últimos versos que yo le escribo.

Pablo Neruda (1904-1973)

segunda-feira, novembro 03, 2008

A Alma das Letras

Começo desenfreadamente a escrever... Não sei bem porquê... A caneta ganha vida na minha mão direita, e entre os meus dedos ferve. Como a temperatura é elevada neste utensílio! Utensílio?

Sim, mas também, porta de entrada e saída da minha alma. Confidente, Amiga, sempre perto do meu peito, junto ao coração. Quantas pessoas guardamos assim junto ao nosso peito e coração?

És Tu! Amiga, com o corpo repleto de tinta, que registas o que medito e mais tarde leio. É tão bom poder usar-te, sem a minima preocupação de ouvir um único lamúrio ou queixume. De ti? Que recebo? Apenas tinta a escorrer, como sangue que corre pelas veias e brota para o exterior.

E é no exterior, que ganha forma e corpo, sobre um simples pedaço de papel. E é neste simples pedaço de papel que ambos mostramos em forma de letras...
TODA A NOSSA ALMA

sábado, novembro 01, 2008

"E agora?"

Cena verídica ocorrida hoje num centro comercial da capital:

As escadas rolantes seguem cheias. Todos olham para cima, ou para a escada fronteira que desce. A certa altura, a escada deixa de subir. Pára. Muitos dos seus momentâneos "passageiros" ficam desorientados, espantados, sem saber o que fazer. Uma criança pergunta:
- e agora?

Por regra, não paro em escadas ou passadeiras rolantes, e irrito-me quando as pessoas param e bloqueiam a passagem. Tenho para mim que o objectivo destes apetrechos urbanos é fazer com que as pessoas cheguem mais rapidamente ao outro lado, não servirem-se delas como uma espécie de teleférico junto ao chão.
Por isso, hoje esta cena foi de uma ironia suprema. As pessoas já nem sabem subir escadas e ficam perdidas perante coisas tão simples.
Que raio de pessoas fazem parte desta sociedade?