quinta-feira, janeiro 29, 2009

Relogios de Memória (Maquinaria d´alma...)

Entrar calando as letras
retire-se a espuma das ondas
seque-se o sopro do vento
vistam-se as chamas de negro

Quanto pedes tu ò alma doce
para matar sem conhecer
encerrar sem naufragar
somos pedaço de gente

Corvos flutuando em mares salgados
assim como as lágrimas que solto
não sou o que penso ser
mas sei ser o que não fui
quero morder o que beijei
e perder o que não vi

Tantas vezes a censura
os gritos presos na garrafa
segredos fechados na cave....
desta dor que não passa

Mas agora somos nós
de mil ventos as memórias
de mil chuvas as canções
e cornetas de vitória

Relógios de apagar brincadeiras...
Já não sonho os olhos doces
Já não provo com os dedos
Porque tenha muito ou pouco medo...
Abri o baú dos segredos...

De tantas formas de agradecer mensagens, esta não agradece, mas quer agradecer...


4 u All ;)

quarta-feira, janeiro 28, 2009

mensagem

Há momentos em que queremos dizer e não sabemos como…
Há palavras que queremos proferir e não sabemos em que momento…
Há espaços que podemos ocupar, com as palavras que queremos dizer naquele momento…

"Gosto deste espaço. Não porque seja especialmente perfeito, mas apenas por isso mesmo. Não me pertence, mas é meu. É como aquela coisa estranha que sentimos em relação à nossa casa. A casa pode nem ser nossa, mas é a nossa casa. Ou o nosso eu. Todos nos conhecem, mas o eu é só nosso.

Gosto deste espaço. Gosto de me refugiar aqui, onde desconheço cada conhecido. Onde sabem quem sou mesmo sem me conhecerem. Sinto-me confortável, onde não me interrogam mais do que sabem que responderei. Onde não me pedem mais do que darei. Onde sei que cada um é superior a mim, sem que eu seja inferior. Onde não tenho hora marcada, não reservei lugar, mas terei sempre um cativo.

Gosto do silêncio, do ruído e da melodia. Gosto de não ser obrigada a dizer que gosto e mesmo assim gostar, sem tão pouco saber explicar."


porque alguém me pedia que te dissesse o quanto gosta deste espaço e eu só consegui dizê-lo assim, Å®t

terça-feira, janeiro 27, 2009

Mar de Interrogações

O Art que me “conhece” já há uns tempinhos, lembra-se com certeza da verdadeira verborreia escrita que me caracterizava. Hoje em dia… nem eu própria me conheço!

Ando por aqui há dias e dias tentando dar uma sequência lógica a pensamentos que me assolam e de facto, tal como ele diz no seu pequeno texto introdutório, somos mesmo feitos de pedacinhos. Só que, por vezes, eles são tão pequeninos que quase se tornam microscópicos. Daí a colá-los e dar-lhes forma torna-se uma tarefa deveras complicada.

Dei comigo a pensar que quando esses bocadinhos se tornam tão minúsculos é porque chegamos frequentemente a pontos de interrogação. Ora a interrogação é a procura de respostas. Como tal, se não as encontramos, ou não queremos ou não podemos encontrar, os “casos pendentes” tornam-se num emaranhado de situações não resolvidas de onde só pode provir o caos, como é natural e lógico.

Levei anos estudando os problemas da mente humana e sei muito bem que muitos podem ser de natureza endógena, mas outros e a grande maioria são de índole exógena. Quem tem conhecimentos a nível psicológico sabe, ou deveria saber que a linha que separa o normal do patológico é somente da espessura de um fio de cabelo. Assim, podemos ter uma percepção aproximada das realidades que muitas vezes se nos apresentam.

Em termos teóricos não assusta nada e até podemos achar caricato. Quando olhamos para o plano pragmático e para as voltas que a vida pode dar, essa espessura pode de facto assustar. Ou seja, quando o caos se instala por força do mar de interrogações, o melhor mesmo é esperar ter uma estrutura suficientemente forte e equilibrada para, como vulgarmente se designa, dar a volta por cima. Sabendo eu o que sei, tenho que aceitar que nunca se dá a volta por cima mas sim por dentro. O resultado é sempre a colagem dos pequenos fragmentos de onde vai surgir indiscutivelmente um ser diferente do anterior. Seja para o bem ou para o mal, assim acontece!

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Eu me confesso...

Tenho uma enorme lacuna... Eu não gosto de poesia, não sou um apreciador fácil de poesia. Gosto de algumas coisas, gosto daquelas que me tocam, e que leio ao acaso. São umas coisas [daqui], outras [dali], e não tem a ver com estilos. É que o meu sentido artístico no que diz respeito à poesia não é nada apurado... é um problema...

Mas de vez em quando encontro poemas e autores que se entranham em mim, e ficam para sempre... e ocasionalmente transpiram para fora...
Basicamente, sei o que me toca e o que não me toca...


Eu vou estar sempre aqui.
E tu sabes onde,
sabes onde me encontrar.
Eu não fugi, eu permaneço.

Deixo adormecer-me sem ti,
porque tenho que dormir.
Fico onde estou, porque
sei que virás um dia.

Não quero que me percas de novo.
Por isso fico. E espero.
Calmamente.
Como se fosse inevitável,
cruzarmo-nos de novo.

E vou ser tua, vou possuir-te.
vou poder amar-te, só mais uma vez.
Relembrar, recomeçar, reviver.
E ficarmos os dois, assim,
como um só, numa nuvem
que se evapora e, não volta.

Ventania de Sílabas - Setembro de 2008


Paula Raposo tem editados dois excelentes livros de poesia: "Canela e Erva Doce" e "Golpe de Asa".
Eu sigo atentamente tudo o que ela publica nos seus diversos blogues há pelo menos uns três anos. Se puderem "espreitem" os seus espaços, porque como a Paula Raposo diz, por lá vão encontrar "um turbilhão de sentimentos... uma tempestade..."

Desenho de António F. Santos

domingo, janeiro 18, 2009

O Estranho Caso de Benjamin Button

Adaptado de um romance de F. Scott Fitzgerald, ficará como um dos grandes filmes de 2009.

“O filme conta a história de Benjamin e da sua "viagem" fora do comum, das pessoas e lugares que descobre ao longo do seu caminho, dos seus amores, das alegrias da vida e da tristeza da morte, e daquilo que dura para além do tempo.” (SAPO)

Diria que é quase um filme conceptual, na medida em que nos remete para uma série de conceitos que, necessariamente, estão ligados à Vida.
Tendo como pano de fundo a temporalidade, este “estranho caso” põe-nos a debater o significado de envelhecer, de rejuvenescer, da vida, da morte, de amar, das condições que impomos para amar e ser amados… e o que cada um destes conceitos e realidades representa para cada indivíduo.

domingo, janeiro 11, 2009

Ausência...

Há já algum tempo, que nada escrevo neste nosso pedaço...
No entanto a minha ausência, não significa indiferença, bem pelo contrário, leio atentamente todos os posts aqui publicados. A ausência por vezes, torna-se necessária, o que não significa menos cuidado... Por isso, e de certa forma para me redimir, deixo aqui a letra de uma música, que de recente nada tem, mas que para mim é muito especial... Um bom ano para todos e um grande beijinho...

James Morrison - Wonderful World

I've been down so low people look at me and they know
They can tell something is wrong, like I don't belong
Well, staring through a window
Standing outside there just to happy to care
Tonight I wanna be like them but I'll mess it up again
I tripped them out when God kicked outside everybody's soul

And I know that it's a wonderful world, but I can't feel it right now
Well, I thought that I was doing well but I just want to cry now
Well, I know that it's a wonderful world from the sky down to the sea
But I can only see it when you're here, here with me

Sometimes I feel so full that it just comes spilling out
It's uncomfortable to see I give it away so easily
But if I had someone I would do anything
And never, never, never let you feel alone
I won't, I won't leave you on your own
But who am I to dream?
Dreams are for fools, they'll let you down

And I wish that I could make it better
I'd give anything for you to call me
Maybe just a little letter, it could start again

And I know that it's a wonderful world, but I can't feel it right now
I've got all the right clothes to wear, I just wanna cry now, cry now
Well, I know that it's a wonderful world from the sky down to the sea
But I can only see well when you're here, here with me
And I know that it's a wonderful world when you're with me

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Música 2008



Quero partilhar esta música convosco, talvez das melhores de 2008

segunda-feira, janeiro 05, 2009

Figueira da Foz (vista por meus olhos)



Saudades dos abraços salgados espalhados eternamente nas areias clareadas desta praia. Sonhos perdidos, escondidos em cada árvore em cada gota de orvalho das manhãs desta serra. Tantas noites, tantas histórias de amor e paixão escritas a azul nesta calçada fria. O som do relógio que grita de saudade, saudades metalizadas e esquecidas na ausência de seus ponteiros. Já não fazes parte da ponte que se ergue sobre este rio, já não vez os velhos sentados nos bancos desta fonte. Memórias ténues da cerveja que caía suavemente na conversa de bar, aquele bar onde os sonhos eram índios cavalgando na paleta da rizada. Moedas caindo, fluindo, dançando e jogando, em tantas mesas de veludo verde. E os sons turbilhantes de 1 a 3 e 14 daquela pequena praça de sons vindos da cave.


Foram tantas as ondas;

Tantas as folhas;

Tantas as pedras brancas;

Tantas as horas de luz e sombra;

Tantas as passagens em uma só fila;

Tantas as conversas acesas;

Tantas as sortes nos pontos dos dados;

Tantas as noites de rock dançante


Restas-me me tu, apenas tu....

Figueira da Foz.

sábado, janeiro 03, 2009

O meu "Pedaço" # 20

Naquele tempo eu sentia-me sufocado...
As tuas surpresas... os teus telefonemas... a tua presença constante...
Os nossos sorrisos... os nossos suspiros... os nossos olhares cúmplices...
Não resisti...
Conseguiste-me fazer esquecer de tudo...
Como me tornei frágil...
Perdemo-nos um com o outro...
Tantas portas... tantos caminhos... tantas estradas... tantas janelas...
E não conseguimos encontrar uma saída!!!

A nossa amizade hoje angustia-me.
Fugi do teu olhar, antes que me afogasse.

Fui então acusado de cobardia, e nunca fui compreendido.
Fui acusado de não ter lutado... e tu... será que tu não deverias ter lutado também?
Fui acusado de não ter esperança, e nisso talvez tenham razão, porque apaguei todas as luzes logo após te ter negado a possibilidade de entrada na minha vida.

Os meus pés decidiram parar antes que me perdesse de vez.
Desde esse dia tentei arranjar novos sonhos... compartilhar novos planos...
Saí pela porta dos fundos quando não havia ninguém a olhar.
Vagueei falsamente distraído, à procura de ouvir os sons do silêncio e nada mais.

Apaguei os teus sorrisos da minha memória.
Rasguei-me ao meio e deitei metade fora.