quinta-feira, novembro 30, 2006

Mãos

Saber quando deixámos de sentir é uma tarefa cansativa. Retomar a rédea da emoção requer dedicação, paciência e muito amor-próprio. Estou a tentar retomar a minha sensibilidade com a responsabilidade de voltar a ser... Constato isso na pele, tatuando a minha identidade perante o mundo. Não tenho muitas mãos de amparo... mas, tenho mãos de expectativas e cobranças. “Será que ela vai conseguir voltar a sentir as mãos e através delas a delicadeza da vida?” Brinco com a metáfora das mãos como sensores de emoções. As minhas mãos estão cansadas. Elas estão estendidas à espera de afago. Quero... preciso... gostaria de carinhos que durassem mais que a respiração. Toques que não exigissem nada para se fazerem toques. Não quero amores condicionados que enlouquecem à sombra da insegurança.
Tenho muitos defeitos e para os conhecer tive que me expor a mim mesma. Fiz isso com a responsabilidade de quem assume devaneios; com o mistério de quem não sabe não SER! Quero ser especial para quem amo, não somente por pertencer. Não quero ser propriedade, posse. Sou mais que isso... Posso ser sonho, posso ser poesia, posso ser alegria e encantamento. Tudo posso ser, sem máculas.
Mãos...
Não me envergonho de as unir em oração! Estou à espera de mim mesma! Estou em silêncio, é verdade. Mas através destes longos dedos, sei que grito aos quatro cantos que poderia ser mais feliz... Eu sei como posso ser feliz... e como posso fazer alguém feliz!
Em momentos como este, de mãos com tactos tristes, anseio o próximo acto da minha vida para mostrar que tudo pode não ter um fim....
Minha vida é uma construção eterna de acenos, de palmas, de dedos estrelados, de apertos aflitos e de toques delicados de mãos amantes...

Olho-as...
As minhas mãos são apaixonadas... ainda que momentaneamente tristes...

1 comentário:

Å®t Øf £övë disse...

Nefertiti,
Será que já te habituaste a viver fora de ti?
Não estando nem sendo, nos lugares e nas palavras onde as pessoas pensam que te encontras?
Se calhar é por isso mesmo que não te consegues encontrar, porque estás habituada a estar sem estar, e a não ser.
Talvez um dia voltes finalmente a a estar e a ser, como eras... e foste... só que desististe, ou não te permitiram que assim continuasses.
Mas não faz mal, porque tudo aquilo que não se procura, acaba por ironia, por nos vir parar às mãos. Por isso, um dia, uma tarde, ou uma madrugada, uma maré de sorte ou de coragem, vai fazer com que possas ser feliz, e com que possas fazer alguém feliz.
Beijinhos.