quarta-feira, abril 18, 2007

Paixão


Bebíamos Green Sands e ouvíamos o Angie. Tínhamos no sangue a rebeldia da idade.
Queríamos abraçar o tempo e cerrávamos as mãos para agarrar a vida... a vida que sempre nos parecia correr depressa demais.
Fazíamos dos portões do liceu a nossa porta para o Mundo... um mundo só nosso, onde podíamos ser quem quiséssemos, onde éramos livres.
Eu era aquela menina franzina, de caracóis longos e olhar sonhador. Tu esbanjavas sorrisos marotos numa pose à la Don Juan.
Eu era um nascer do dia calmo e sereno. Tu eras um pôr-do-sol que anuncia uma noite quente de Verão.
Eu desejava alcançar as estrelas. Tu querias ser o céu!
Éramos dois, mas éramos um só.
Soltavas palavras ao som da tua viola. Eu soltava sonhos ao som das tuas palavras.
Trocávamos olhares cúmplices em silêncios prolongados.
Éramos tão diferentes. Éramos tão iguais!
Presos por uma paixão adolescente, livres na certeza que seria eterna.
Gravámos os nossos nomes no livro das memórias e guardámos momentos no baú da saudade.
Jurámos nunca esquecer aquela paixão.

Hoje ouvi o "Angie"... e lembrei-me.


E tu, ainda te lembras?

2 comentários:

foryou disse...

Memórias :) muito bem expressas aqui.

**

Å®t Øf £övë disse...

Angie, Angie, quando é que todas estas nuvens desaparecerão?
Angie, Angie, para onde isto nos vai levar a partir daqui?
Sem amor nas nossas almas, e sem dinheiro nos nossos bolsos, não podemos dizer que estamos satisfeitos.
Mas Angie, Angie, tu não podes dizer que nunca tentamos.

Angie, tu és linda, mas não será o momento de dizermos adeus?
Angie, eu ainda te amo... lembras-te de todas as noites em que choramos?
Todos os sonhos que tivemos de repente evaporaram-se em fumaça.
Deixe-me sussurrar-te ao ouvido:
Angie, Angie, para onde isto nos vai levar a partir daqui?

Angie, não chores, porque todos os teus beijos mantêm um gosto doce, e eu odeio ver essa tristeza nos teus olhos.
Mas, Angie, Angie, não será o momento de dizermos adeus?

Sem amor nas nossas almas, e sem dinheiro nos nossos bolsos, não podemos dizer que estamos satisfeitos.
Mas, Angie, eu ainda te amo, baby, e em todos os lugares vejo os teus olhos, porque não existe nenhuma mulher que chegue perto de ti...
Vamos, baby, enxuga esses olhos...
Angie, Angie, não é bom estar viva?
Angie, Angie, eles não poderão dizer que nunca tentamos...


Eu não sei se ele se lembra ou não, mas certamente que sim... e acredita que não deve ser só quando ouve o "Angie", porque do que tu nos falas aqui é da recordação do que fica do primeiro Amor... daquele que ocupou tudo de cada um de nós. A verdade é que não há Amor como o primeiro... há amores maiores, melhores, mais apaixonadamente vividos, mais longos (quase todos), mas o primeiro Amor é o único capaz de estragar o nosso coraçãozinho, e de o deixar estragado para sempre. Sentimos que é como um milagre que acontece na nossa vida. O segundo, o terceiro, o quarto, por muito diferentes que sejam, são mais parecidos uns com os outros. São amores mais maduros e adultos. Na verdade o primeiro Amor não se esquece, parece que foi impossível ter acontecido, porque hoje percebemos que não nos levou a parte nenhuma, mas todos nós anos mais tarde, em algum momento sonhamos em retomá-lo, reconquistá-lo, fazer a tentativa de acrescentar um último capitulo um pouco mais feliz, mas no mundo da realidade, e não no do sonho, facilmente percebemos que não pode ser.

Beijinhos.