quinta-feira, janeiro 24, 2008

A nossa casa

Todos nós recebemos sempre alguém em nossa casa, por educação, ou costume, mostramos todas as divisões da mesma, explicamos o que escolhemos, as vantagens, o que vamos modificar e até estamos abertos a sugestões decorativas. Alguns dirão: é o minimo a fazer, para que o nosso convidado, alguém que estimamos, ou importante para nós se sinta minimamente confortável nos nossos aposentos.
Transporto tudo isso para a nossa vida, sim, as relações... tudo bem mais simples na apresentação da "nossa casa", a nossa pessoa.
Aqui é a minha divisão preferida, gosto de futebol, não perco um jogo, e se possível com algumas cervejas e os meu melhores amigos. Vês! Está justificado o ecrã gigante e o frigorifico cheio de minis...
Está é a divisão onde mostro o meu lado mais terno e sensível para contigo, pois... é o quarto, e por aí fora.
Mostrar a quem nos visita o que na realidade ela vê, bem como a explicação sobre o mesmo. Não sei se tal evitaria problemas ou discussões, mas estou convencido, na minha humilde opinião, que iria evitar a velha e esgotada expressão... Como tu me enganas-te...

1 comentário:

Å®t Øf £övë disse...

Pp,
Mostrarmo-nos aos outros como somos, sem jogos, e despindo todas as máscaras, implica sempre a verdade, que muitas vezes é um destruir de todas as nossas barreiras e protecções que construímos para nos proteger.
Isso seria abandonar definitivamente a cara vazia que nos habituamos a mostrar em sociedade, e para isso é necessária muita coragem, porque nos sujeitamos a uma exposição sem limites, e a nossa sociedade educou-nos para todos sermos actores em algumas situações da nossa vida. Crescemos a mostrarmo-nos como pensamos que os outros querem que nós sejamos... quem de nós ainda não viveu uma situação assim?
Mas aquilo que eu questiono muitas vezes nem é tanto se os outros nos conhecem, mas mais se nós nos conhecemos a nós mesmos...
Penso que nunca nos conhecemos, nem deixamos que os outros verdadeiramente nos conheçam. Estamos sempre a usar máscaras umas sobre as outras, e às vezes deixamos cair algumas delas, ou porque nos encontramos mais fragilizados, ou porque as situações nos levam a isso.
Por isso é muito difícil conhecer profundamente alguém, porque à medida que vamos conhecendo melhor uma pessoa, acabamos sempre por ser surpreendidos por algo que desconhecíamos... por algo que nos escapara até aí. Umas vezes surpreendemo-nos pela positiva, e outras pela negativa, e assim estamos continuamente à descoberta.
A descoberta é sempre fascinante, embora muitas vezes se corra o risco de ao tentar interpretar aquilo que descobrimos, acabarmos por o percepcionar de forma diferente, e os outros em relação a nós também caem nesse erro muitas vezes.
Para concluir, eu diria que é muito difícil tornarmo-nos completamente transparentes, e quanto mais adultos nos tornamos, mais máscaras usamos, por isso tenho saudades da minha idade de inocência, em que podia ser genuíno, sem que me avaliassem, ou catalogassem. Só nessa fase da vida é que podemos ser nós próprios em todas as situações, só enquanto somos crianças é que os outros nos mostram a sua verdadeira essência, e por isso só por essa altura é que nós podemos ter a certeza de quem temos à nossa frente. Depois... à medida que vamos crescendo... a vida vai-nos dando motivos, e mais motivos, que nos vão obrigando a camuflar... a usar cada vez mais máscaras, e cada vez mais sofisticadas.
Abraço.