sábado, abril 12, 2008

Silêncio


Pequenos pedaços de mágoa, de raiva e de ódio, sentimentos escondidos nas palavras, palavras que magoam, que num ápice nos rasgam a pele e nos apertam o coração. Tudo são palavras, apenas palavras…
Enormes pedaços de morte, de sufoco e desespero, sensações contidas no silêncio, esse teu silêncio profundo como as trevas que atravessam a minha alma, escuridão tremenda que me assola o coração e me faz desejar…
Desejar não acordar, respirar, abrir os olhos para a ténue luz que me entra no quarto.
Vivo nas sombras da memória, nos cantos escondidos do beijo, na ténue saudade das mãos vagueando perdidas no meu corpo. Perco-me nas recordações da voz do calor do abraço, nas lágrimas caídas no ombro.
Farto de viver nas ondas desta tua ausência, nas ondas deste teu terrível silêncio.
Tudo o que me resta de ti, tudo o que me resta de nós…

Silêncio…

Apenas silêncio

2 comentários:

Å®t Øf £övë disse...

Nuno,
Os sentimentos são todos assim... sentem-se, e entregam-se a alguém. Só que quando o fazemos já vão em segunda mão, porque o original fica connosco, e só cada um de nós sabe o que ele significa na realidade, porque ele fica para sempre connosco. Apenas entregamos uma pequena parte daquilo que pensamos... daquilo que sentimos, porque temos vergonha de entregar tudo. Por isso escondemo-nos atrás de escudos de pessoas insensíveis, ou demasiado ocupadas para se preocuparem com essas lamechices de sentimentos. Deixamo-nos estar sempre bem escondidos, bem disfarçados de pessoas que sabem controlar as suas emoções.
E depois?
Acabamos assim, feridos num silêncio abafado, porque nos recusámos a sentir, a amar de verdade, porque não queremos dar tudo, com medo de não receber nada em troca... Sim, porque o nosso medo não é dar, o nosso medo é não receber, é sentirmo-nos sós, sentirmos que demos tudo, e que ficámos vazios.
Temos que ter a capacidade de perceber que quem amamos pode estar mesmo ao nosso lado, e nessas situações não nos podemos recusar a deixarmo-nos levar por esse sentimento arrebatador que é o amor, com medo de ficarmos com ele nas mãos, ou sem ele, e sem nada em troca.
As palavras muitas vezes comprometem-nos e assustam-nos, porque nos obrigam a assumir, a sentir, a partilhar, a dizer ao mundo que partilhámos, que sentimos, que somos frágeis, que amamos, e isso torna-nos vulneráveis.
Depois choramos as ausências, sentimo-nos abandonados e traídos, e abandonamos a nossa própria vida porque ela parece deixar de valer a pena. Então fica o slêncio... apenas o silêncio...
Abraço.

foryou disse...

(e ainda tem a lata de dizer que eu é que junto palavras e bla bla bla... pois pois)

Adorei esta tua forma de jogar com maiusculas e minúsculas como um silêncio entrecortado por mudos gritos interiores.

Beijo