sexta-feira, setembro 26, 2008

Publicidade e Arte

Dez da manhã, levanto-me, primeira mijinha, lavo as mãos e a cara e subo o estore.
Meio zonzo, ligo o computador. Enquanto ele se instala, os meus olhos lutam por vencer a luz do sol que já inundou o escritório. Meto a ****** e o Gmail avisa que tenho quatro novas mensagens. Sobre as duas primeiras:


Serviços domésticos

Trata-se dum filme publicitário a “Móveis para divorciadas”, duma reputada marca. Práticos e modernos, com dupla função, respondem a uma crescente faixa de mercado. Para elas, as instruções mais parecem um mapa de estradas em obras e, ainda por cima (e debaixo), sem a ferramenta necessária, não vão longe. Logo, imagino que o tipo metido no gavetão seja um “amigo com jeito para montagens” e naquele fim-de-semana foi lá, apenas, “dar uma mãozinha” mas não vai ser apresentado aos filhos dela que, entretanto, regressam de casa do pai.

Elas separam-se e depois desenrascam-se como podem. Sabem do lugar das coisas e da sua função mas, sózinhas, não dão conta do serviço. O meu apoio.


Arte nua e crua

Sempre achei que Serralves (com pena minha) ficava no Cu de Judas. Afinal parece que é ao contrário. Bem longe de Cascais.

Mal abri o mail, dei de caras com o dito cujo!

No momento senti-me incomodado, enojado e, de algum modo, violado na minha integridade. Com que lata o artista ousou expôr aquele ponto de vista e qual a motivação de quem lhe abriu as portas (das trás?) de tão distinto museu?

É preciso arrojo, numa grande dose de descaramento, para alguém exibir o orifício traseiro numa demonstração pública de falta de pudor. Não há tela que aguente e se sujeite ao prazer dum analfóbico que nela resolveu esfregar o ávido pincel. Com tal destino nem o cavalete lhe valeu.

Fiquei a matutar na busca de um ponto de vista mais condescendente. A cultura acima de tudo. Embora não ponha lá os cotos, admito já ter visto coisas piores em lugares mais famosos e também bem frequentados. Já vi sangue e dor, retratados por famosos, com direito a prémios. Nada contra desde que esse dinheiro fosse para os vitimizados modelos e para minimizar ou acabar com as guerras, as doenças e a fome que os perseguem. Sou apreciador do erotismo e de todas as artes que o exprimam. As mãos, os olhos, o nariz, os lábios e a língua são pedaços de nós e dum todo atreito a afectos e emoções.

Sujeito a reacções, pode um buraco suscitar diversas opiniões. Para mim um buraco “é nada com uma coisa à volta”, daí eu não dar, sequer, cinco tostões por muitas “obras” feitas sem coisa nenhuma. Se o objectivo é passar mensagens, façam-no ao vivo em sítios com mais gente.

2 comentários:

Å®t Øf £övë disse...

Pedro,
As mulheres não dão conta do serviço, e não se entendem com uma chave de parafusos, porque isso serve-lhe de argumento para que o tal "amigo com jeito para montagens" vá lá a casa "dar uma mãozinha", porque se tivessem mesmo que usar a chave de fendas, a ver se não a usavam, e se não aprendiam. O que há é muito comodismo. Elas encostam-se a eles, e eles encostam-se a elas... nada a dizer. O que me irrita são aquelas que gostam de fazer o papel de parvinhas, coitadinhas, e outras inhas.
Gosto de mulheres que competem comigo, e que fazem uma correria para ver quem é o primeiro a chegar ao martelo, ou ao berbequim. Gosto de mulheres [assim]...
Aliás, porque mulher que é [assim], é porque não tem qualquer dificuldade com a tecnologia, e felizmente há muitas mulheres [assim], basta ver o volume crescente das vendas de vibradores, para perceber que elas se entendem com as tecnologias. Às vezes até muitíssimo bem... haja pilhas...
E não me digas que não é preciso arte...

:)

Abraço.

Pp disse...

Pedro
As mulheres não deixam de ser um ser fantástico, não te esqueças que é "o animal" cuja pele tem mais procura no mundo inteiro.
As mulheres são também dotadas de inteligência, e repara, para quê saber funcionar com uma ferramenta, se, podem ter uma diversidade imensa de ferramentas agarradas a muitos prestáveis homens?
E acredita, não falta por aí, imensos homens com vontade de aparafusar em muitas casas...
Quanto á arte...é uma fonte inesgotável de imaginação e criatividade.
Eu, que gosto de ler as informações sobre as obras expostas, até para, com alguma boa vontade perceber o que é "aquilo",o que o artista pretende mostrar.
Podemos gostar ou odiar, dizer bem ou mal,até mimá-lo com uma série de adjectivos, mas o artista com isso, já conseguiu o que pretendia. Um texto teu sobre a sua obra,só prova que não ficas-te indiferente.
Abraço