segunda-feira, janeiro 05, 2009

Figueira da Foz (vista por meus olhos)



Saudades dos abraços salgados espalhados eternamente nas areias clareadas desta praia. Sonhos perdidos, escondidos em cada árvore em cada gota de orvalho das manhãs desta serra. Tantas noites, tantas histórias de amor e paixão escritas a azul nesta calçada fria. O som do relógio que grita de saudade, saudades metalizadas e esquecidas na ausência de seus ponteiros. Já não fazes parte da ponte que se ergue sobre este rio, já não vez os velhos sentados nos bancos desta fonte. Memórias ténues da cerveja que caía suavemente na conversa de bar, aquele bar onde os sonhos eram índios cavalgando na paleta da rizada. Moedas caindo, fluindo, dançando e jogando, em tantas mesas de veludo verde. E os sons turbilhantes de 1 a 3 e 14 daquela pequena praça de sons vindos da cave.


Foram tantas as ondas;

Tantas as folhas;

Tantas as pedras brancas;

Tantas as horas de luz e sombra;

Tantas as passagens em uma só fila;

Tantas as conversas acesas;

Tantas as sortes nos pontos dos dados;

Tantas as noites de rock dançante


Restas-me me tu, apenas tu....

Figueira da Foz.

3 comentários:

foryou disse...

já tinha saudades de te ler, Nuno. O rapaz que brinca com as palavras, dá, recolhe, baralha e volta a dar e de todas as vezes ganha o jogo.

Ao contrário de ti, não recordo bem a Figueira da Foz, mas também já me habituei à minha estúpida memória.
Mas este teu post (e do outro lado) deu para formar algumas pequenas imagens e muitas sensações.

e se bem me parece (da junção dos 2 textos) há por aí um terminar fase e recomeçar outra... se não estiver enganada, então boa sorte! :)

beijinhos

NunoSioux disse...

Como me entendes foryou, não imaginas o quanto...
A vida é uma constante mudança, mas este momento é mesmo um pegar no globo e virar de pernas para o ar o norte...
A Figueira é a minha terra de sempre. Curiosamente nunca consegui escrever nada sobre ela enquanto estive longe...
Agora regressei e o esplendor, a magia e o encanto das praias, do rio e da serra é o mesmo...
Mas falta algo...
Falta sempre algo mais...
Muitas vezes só um sorriso, mas a sua ausência doi.

Beijo ;)

Å®t Øf £övë disse...

Nuno,
Há cidades e lugares que nos marcam, pelas mais diversas razões. Todos nós temos essa sensação em relação a este ou aquele lugar. É uma sensação comum a todos nós. Os lugares que nos marcam chegam-nos até a causar um certo egoísmo de os querermos sentir como sendo só nossos, e que nunca mudem. Às vezes conseguimos ter essa sensação, porque a saudade encarrega-se de fazer isso por nós, mas para que isso aconteça é preciso não voltar mais a esses lugares. E nem sempre é fácil resistir a não voltar onde nos sentimos felizes, e em casa. Esses lugares marcam-nos, porque dizem-nos sempre mais alguma coisa do que aquilo que aparentam. Esses lugares são os nossos pequenos abrigos, para onde podemos sempre fugir, e depois voltar, porque eles são nossos... estão lá... sempre...

Abraço.