terça-feira, janeiro 27, 2009

Mar de Interrogações

O Art que me “conhece” já há uns tempinhos, lembra-se com certeza da verdadeira verborreia escrita que me caracterizava. Hoje em dia… nem eu própria me conheço!

Ando por aqui há dias e dias tentando dar uma sequência lógica a pensamentos que me assolam e de facto, tal como ele diz no seu pequeno texto introdutório, somos mesmo feitos de pedacinhos. Só que, por vezes, eles são tão pequeninos que quase se tornam microscópicos. Daí a colá-los e dar-lhes forma torna-se uma tarefa deveras complicada.

Dei comigo a pensar que quando esses bocadinhos se tornam tão minúsculos é porque chegamos frequentemente a pontos de interrogação. Ora a interrogação é a procura de respostas. Como tal, se não as encontramos, ou não queremos ou não podemos encontrar, os “casos pendentes” tornam-se num emaranhado de situações não resolvidas de onde só pode provir o caos, como é natural e lógico.

Levei anos estudando os problemas da mente humana e sei muito bem que muitos podem ser de natureza endógena, mas outros e a grande maioria são de índole exógena. Quem tem conhecimentos a nível psicológico sabe, ou deveria saber que a linha que separa o normal do patológico é somente da espessura de um fio de cabelo. Assim, podemos ter uma percepção aproximada das realidades que muitas vezes se nos apresentam.

Em termos teóricos não assusta nada e até podemos achar caricato. Quando olhamos para o plano pragmático e para as voltas que a vida pode dar, essa espessura pode de facto assustar. Ou seja, quando o caos se instala por força do mar de interrogações, o melhor mesmo é esperar ter uma estrutura suficientemente forte e equilibrada para, como vulgarmente se designa, dar a volta por cima. Sabendo eu o que sei, tenho que aceitar que nunca se dá a volta por cima mas sim por dentro. O resultado é sempre a colagem dos pequenos fragmentos de onde vai surgir indiscutivelmente um ser diferente do anterior. Seja para o bem ou para o mal, assim acontece!

2 comentários:

foryou disse...

que muitas vezes a vida nos prega partidas, não tenho dúvidas, antes pelo contrário.
que a nossa mente é mais complexa do que parece, também é dado assumido.
mas... (há sempre um mas para nos atazanar o juizo) para quê complicar?
no fundo (ok eu sei que é lá muito no fundo) a vida é simples, nós é que passamos a vida a complicá-la ( o pior é que depois ficamos sem tempo para vivê-la...)
as interrogações são saudaveis, desde que consigamos aceitar que para algumas nunca encontraremos resposta.
afinal ainda escreves Alx :) já reparaste?
mudaste? olha que bom! às vezes até eu estou farta de mim quanto mais os outros, não é?! :)
se for preciso usa os nosso tubinhos de cola para colares os pedacinhos, nós não nos importamos (afinal... também já usamos a tua cola, algumas vezes) :)

Å®t Øf £övë disse...

Alexandra,
O caos instala-se, quando sentidos que tudo acaba, e temos uma enorme sensação de vazio, e de perda completa de esperança. Muitos vezes sentimos o vazio apenas porque um telemóvel não toca, ou porque uma certeza que tínhamos anteriormente deixou de o ser. Nessas alturas o vazio que fica na nossa alma é tão forte que não tem explicação. Nestas fases pensamos que dar a volta por cima, ou por dentro como tu mesma dizes, pode ser uma missão impossível, e bem longe de estar ao nosso alcance. Mas com o passar dos dias vamos começando a sentir que esse vazio se transformou em nada, e voltamos a sentir de novo, voltamos a importar-nos com tudo aquilo que nos rodeia, e quando nos apercebemos já ultrapassamos o caos que se tinha instalado, e deixamos de tentar esquecer o que nos levou a esse mesmo caos, simplesmente porque já nos esquecemos dele.
E assim, quando menos esperamos acaba por chegar aquele dia em que nos voltamos a sentir confortáveis, e novamente em perfeita harmonia com a nossa própria vida, e embora possamos sentir-nos um ser diferente do anterior, as certezas voltam, nem que seja tendo como base a única pessoa em que voltamos a confiar, ou seja... nós mesmos.
Nunca devemos ter medos nem receios de partilhar aquilo que o passado nos ensinou, porque é esse mesmo passado que nos faz perceber e saber onde estamos, e até onde podemos ser levados.
Beijinhos.