quarta-feira, maio 10, 2006

Sou feliz assim... e ele também...

Gosto de observar os homens casados. Gosto de os ouvir bater com a aliança na mesa enquanto me ouvem... enquanto os ouço.
Gosto de homens que não são casados comigo, e a quem nunca terei que dizer - "Ou ela, ou eu!".
Gosto também de lhes tirar a aliança com a boca... isto é na parte em que já não estamos a conversar à mesa...
Muita gente que conheço ainda se indigna com a hipótese de um homem casado se apaixonar. Como se o casamento os tivesse que castrar. Como se os filhos lhes roubassem o direito à paixão. Eu, sou de um tempo que ainda está para vir, porque vivo sem condenação, nem penitência.
Se digo que alguém casado é bonito, ouço logo - "Olha que ele é casado".
E eu respondo - "E depois? Não tem direito de ser feliz?".
Nunca vi na cobiça alheia um afrodisíaco. O que for das outras, será delas enquanto lhes for possível. Já sobrevivi à partilha de intimidade roubada, e dói, evidentemente, mas há pessoas neste mundo para nos mostrar o fracasso da nossa relação.
Se o meu "homem" passou a ser o "homem" da minha amiga, é porque alguma coisa não estava bem, não me interessa verdadeiramente saber quem assediou quem, porque é sinal de que os dois precisavam um do outro.

Eu conheci-o no trabalho, e ele até era um rapaz simpático e atento... e nós sabemos que a atenção está para o amor como a curiosidade para a inteligência, mas nunca a desenvolvemos...
Reencontrámo-nos anos depois, ele casado... eu sozinha. Ele quase feliz com a vida que tinha... eu quase feliz com a independência que era só minha.
Um dia, à mesa, com o brilho do "ouro" no dedo quase a cegar-me, perguntou-me se eu tinha alguém. Eu disse que não, e corei... sabe-se lá porquê!!!
Ele não sabia com quantas pessoas eu "durmo"... e eu não sabia quantas vezes ele tinha sexo. Mas sei que gosta... e eu também gosto...
Aos trinta anos, descobri esta forma invulgar de amor... sem posse, nem desconfiança. Sem hipóteses de nos trairmos, porque já vivemos na traição.
- "E o sexo?" - alguém me perguntou.
O sexo é bom cada vez que é nosso. É suave, quando em nós há uma vulnerabilidade acumulada (há quem lhe chame saudade), e ficamos neste espaço apertado, que é o meu sofá, a mexermo-nos tão devagarinho, comandados pelo calor, e pelo ardor do encontro. Depois adormecemos meia hora, e logo a seguir, ele vai embora.
Se eu sou feliz assim, e ele também, quem nos pode condenar?

5 comentários:

Dulce Gabriel disse...

Também te amo.

Å®t Øf £övë disse...

Dark,
Tu não existes, e não és comparável com ninguém... nem mesmo comigo. És o que sempre foste. Não tens comparação com nada nem com ninguém. Sempre marcaste a tua diferença e a tua posição.
Por isso sempre foste, e sempre serás: DIFERENTE!
Gosto de ti por isso mesmo!!!
Beijinhos.

Dä®k Añgë£ disse...

Dulcineia,
Fiquei admirada pelo amor que dizes sentir por mim!!!
Muito me honra...
Beijos pa ti

Porquê? disse...

Querida Dark,
eu também era daquelas mulheres a quem nunca passou pela cabeça um homem casado poder apaixonar-se por uma outra mulher, também casada! até ao dia em que fui confrontada com uma declaração de amor descrevendo uma sensação única de amor à primeira vista e sem motivos, sem provocações, sem intenções...bastou apenas o primeiro olhar... A pricípio pensei ser uma brincadeira de mau gosto, mas com o passar do tempo percebi que era mesmo real e a única coisa que eu podia oferecer era a minha amizade...
É incrível, mas foi verdade por isso hoje não faço julgamentos sobre vidas alheias.
Beijos

Dulce Gabriel disse...

É.Eu também te amo porque de certa forma me revejo neste teu texto.
Temos muito em comum...
Gosto desta"cumplicidade".