like a gift
"Hoje queria levar-lhe algo importante. Não podia chegar lá de mãos vazias. Um presente. Tinha de encontrar um presente. Mas não um presente qualquer.
Contou as moedas que ainda lhe restavam. Não eram muitas, mas haviam de chegar para alguma coisa. Vestiu o casaco azul, que lhe enalteciam os olhos negros. Saiu.
Percorreu as ruas escuras. As montras iluminadas mostravam-se tentadoras, mas àquela hora todas as lojas estavam fechadas. De qualquer forma, mesmo que estivessem abertas, não viu nada que o seduzisse. Queria levar-lhe algo especial. Não servia um qualquer objecto.
Cruzou-se com um rapaz mal-encarado, devia ter aproximadamente a idade dele mas não vestia um casaco azul, nem tinha os olhos negros como breu. Estendeu-lhe a mão onde brilhava um relógio “é de marca, 30 euros”, disse. Um relógio. Levar-lhe um relógio. De marca. Provavelmente roubado, não se sabe onde. 30 euros. Não tinha nem metade de trinta euros e um relógio, mesmo de marca, não era nada especial. Serviria, quando muito, para atrasar as horas que lá permanecesse, ou nem isso, os relógios de marca não atrasam.
Entrou no centro comercial. Ali as lojas estavam abertas à noite, encontraria o que procurava. Tinha de ser alguma coisa especial. Parou e recordou as míseras moedas no bolso. Não chegariam para grande coisa e ele queria levar-lhe algo muito especial. Atravessou o centro e acabou por sair de mãos vazias, pela outra porta.
Chegou à rua dela. À porta dela. Parou. Hesitou. Queria levar-lhe algo especial. Um presente inolvidável e continuava sem nada. Ficou ali, estático, petrificado, em desalento, a olhar a campainha.
Não queria entrar sem lhe levar algo. Pensou que podia ter comprado um livro no centro, mas sabia que as poucas moedas não teriam permitido. Pelo menos uma flor, não era nada de muito importante, mas não chegaria lá no seu metro e noventa, de mãos vazias. Tinha consciência da enormidade do seu corpo másculo e da pequenez dos seus bolsos.
Queria levar-lhe algo que ela nunca mais esquecesse. E estava ali, parado em frente à porta sem nada, além de si. Tocou.
Ofereceu-se-lhe."
Contou as moedas que ainda lhe restavam. Não eram muitas, mas haviam de chegar para alguma coisa. Vestiu o casaco azul, que lhe enalteciam os olhos negros. Saiu.
Percorreu as ruas escuras. As montras iluminadas mostravam-se tentadoras, mas àquela hora todas as lojas estavam fechadas. De qualquer forma, mesmo que estivessem abertas, não viu nada que o seduzisse. Queria levar-lhe algo especial. Não servia um qualquer objecto.
Cruzou-se com um rapaz mal-encarado, devia ter aproximadamente a idade dele mas não vestia um casaco azul, nem tinha os olhos negros como breu. Estendeu-lhe a mão onde brilhava um relógio “é de marca, 30 euros”, disse. Um relógio. Levar-lhe um relógio. De marca. Provavelmente roubado, não se sabe onde. 30 euros. Não tinha nem metade de trinta euros e um relógio, mesmo de marca, não era nada especial. Serviria, quando muito, para atrasar as horas que lá permanecesse, ou nem isso, os relógios de marca não atrasam.
Entrou no centro comercial. Ali as lojas estavam abertas à noite, encontraria o que procurava. Tinha de ser alguma coisa especial. Parou e recordou as míseras moedas no bolso. Não chegariam para grande coisa e ele queria levar-lhe algo muito especial. Atravessou o centro e acabou por sair de mãos vazias, pela outra porta.
Chegou à rua dela. À porta dela. Parou. Hesitou. Queria levar-lhe algo especial. Um presente inolvidável e continuava sem nada. Ficou ali, estático, petrificado, em desalento, a olhar a campainha.
Não queria entrar sem lhe levar algo. Pensou que podia ter comprado um livro no centro, mas sabia que as poucas moedas não teriam permitido. Pelo menos uma flor, não era nada de muito importante, mas não chegaria lá no seu metro e noventa, de mãos vazias. Tinha consciência da enormidade do seu corpo másculo e da pequenez dos seus bolsos.
Queria levar-lhe algo que ela nunca mais esquecesse. E estava ali, parado em frente à porta sem nada, além de si. Tocou.
Ofereceu-se-lhe."
1 comentário:
foryou,
As prendas para mim são apenas um mito, por isso eu insisto e repito, que quer se veja ou não, quer se acredite ou não, o imaterial é sempre a mais normal, a mais verdadeira, e a mais natural das prendas que se podem dar.
Beijinhos.
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