"A origem dos sentimentos"
Não quero, nem sei questionar o Amor. Não questiono sentimentos mas sim, comportamentos, atitudes e decisões, tudo quanto seja sujeito à decisão do Homem.
"Amor é um não-sei-quê, que surge não sei de onde, acaba não sei como e dói não sei por quê." – Que melhor definição poderia haver para definir o que é, seguramente, indefinível?
O amor, os sentimentos, o que são, como se manifestam, qual a sua origem... “Questionando o Amor” recordou-me um livro que li recentemente, que gostei e porque entendo que em tudo se coaduna, passo a transcrever um excerto.
Os sentimentos não são tão antigos como o tempo.
Tal como houve um primeiro momento em que alguém esfregou paus para fazer uma faísca, houve uma primeira vez em que se sentiu a alegria, e uma primeira vez para a tristeza. Durante algum tempo, estavam constantemente a ser inventados novos sentimentos. O desejo nasceu cedo, bem como o arrependimento. Quando a teimosia foi sentida pela primeira vez, despoletou uma reacção em cadeia, criando o sentimento de ressentimento, por um lado, e a alienação e a solidão por outro. Poderá ter sido um certo movimento de ancas a marcar o nascimento do êxtase; um raio de trovão a causar o primeiro sentimento de assombro. Ou talvez fosse o corpo de uma rapariga. Contrariamente à lógica, o sentimento de surpresa não nasceu imediatamente. Só chegou depois de as pessoas terem tido tempo suficiente para se habituarem às coisas como elas eram. E quando esse tempo passou, e alguém experimentou o primeiro sentimento de surpresa, houve mais alguém, algures noutro sítio, a sentir o primeiro assomo de nostalgia.
Também é verdade que por vezes as pessoas sentiam coisas para as quais não havia palavras, e que por isso passavam em claro. Talvez a emoção mais antiga no mundo seja a comoção; mas descrevê-la – só nomeá-la – deve ter sido como tentar apanhar qualquer coisa invisível.
(Donde, mais uma vez, o sentimento mais antigo do mundo poderá ter sido simplesmente a confusão).
Tendo começado a sentir coisas, o desejo das pessoas de sentir foi crescendo. Queriam sentir mais, sentir mais profundamente, por mais que às vezes doesse. As pessoas tornaram-se viciadas em sentimentos. Esforçavam-se por descobrir novas emoções. É possível que tenha sido assim que nasceu a arte. Forjaram-se novas formas de alegria, bem como novas formas de tristeza: a eterna desilusão da vida como ela é; o alívio de um adiamento inesperado; o medo de morrer.
Mesmo hoje, ainda não existem todos os sentimentos possíveis. Há ainda aqueles que estão para além da nossa capacidade e imaginação. De tempos a tempos, quando uma peça de música que jamais foi escrita, ou um quadro que jamais foi pintado, ou qualquer outra coisa impossível de prever, imaginar, ou sequer descrever, tem lugar, surge um novo sentimento no mundo. E depois, pela milionésima vez na história dos sentimentos, o coração dispara e absorve o impacto.
“A história do amor” - Nicole Krauss
1 comentário:
Nefertiti,
Muitos já tentaram desvendar este mistério que é a origem dos sentimentos, e a verdade é que não o conseguiram.
Os sentimentos fazem parte de nós, nascem connosco, e durante toda a nossa vida nós procuramos, e assimilamos informação, quer voluntária, quer involuntariamente. Pensamos... inspiramo-nos... expressamo-nos... e durante este exercício, que é interagir com o mundo, surge aquilo a que chamamos de sentimentos.
A verdade é que os sentimentos são poderosos, e por isso é que as grandes obras de arte, sejam de que tipo forem, são normalmente criadas em momentos de profundo sentimento.
Os sentimentos na sua essência são incontroláveis, por isso inúteis!!!
Eu digo inúteis, porque não estão debaixo do nosso controle emocional, simplesmente acontecem, estão lá...
Os sentimentos de euforia, carinho, vontade de proteger, atracção física, e amor que eu sinto cada vez que estou com a pessoa que amo, são completamente incontroláveis. Não há como os disfarçar, ou controlar. Só se for através de antidepressivos, controladores de humor, estimulantes, inibidores, ou qualquer outra substância química.
Se pararmos para pensar, chegamos à conclusão que a maioria das vezes que tomamos uma decisão baseada no calor do momento, quase sempre optamos pela decisão errada.
Não há forma de deixarmos de sentir, mas há maneiras de tomarmos decisões mais acertadas.
Não há forma de controlarmos os nossos instintos, mas há maneiras de nos controlarmos melhor.
Basta fazermos um esforço para sermos cada vez mais racionais.
Em jeito de conclusão, eu diria que nós não sabemos de onde vêm os sentimentos, nem qual o real impacto deles na nossa vida, assim como não sabemos um conjunto infindável de aspectos da nossa existência. Sabemos tanta coisa, e ao mesmo tempo ainda temos tanto a descobrir... tantos porquês à espera de resposta...
Beijinhos.
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