domingo, novembro 04, 2007

Ausências...


Ao som da água dispersa, caminhando no local onde queria e simultaneamente tinha medo de ir, tornou-se compreensível a ideia transmitida através de uma imagem deixada por alguém… aquela era mesmo uma porta para o céu!
Olhando para a realidade, as lembranças e pensamentos emergiam como cascatas. Percebi naquele instante, olhando para aquela imagem antes vista por fotografia, pisando o mesmo chão que antes havia sido percorrido por outrem, sentindo na tão grande ausência, o quanto de verdadeiro me haviam dito: “ A morte leva-nos um amigo e dizem que a vida continua. Continua uma treta! Parou, ali mesmo naquele instante. O que nos aproximava daquela pessoa deixou de existir a partir do momento do seu desaparecimento. Os pontos de conexão quebraram-se. Com quem vamos falar/discutir sobre os assuntos que nos uniam? Com ninguém! Aquela comunicação acabou ali!”
Esse alguém deixou, sem o saber, palavras inesquecíveis - "Don’t Worry, Be Happy"!
No entanto, apesar de querer acreditar nelas, o vazio permanece...

3 comentários:

Pedro Arunca disse...

Na falta de melhor, também é bom voltar a ler-te.
Já estive mais longe de concordar com o que aqui escreveste. Esse vazio é, parcialmente, preenchido com as imagens e as poucas palavras que herdamos. Não bastam!
Onde ficam a voz, os afectos, os sorrisos, o cheiro e o calor?
Quantos amigos, que andam por aí, nos "faltam" só porque nos esquecem? O mesmo vazio, reparável. Com os que partem não há reparação possível.

PS.Obrigado pelo teu incentivo. A prosa devo-a a ti.
Beijos

Å®t Øf £övë disse...

Alexandra,
Para mim o vazio não existe, porque a falta que alguém nos faz preenche esse vazio. Talvez seja por isso que a falta se assemelhe tanto ao vazio. Se nós sentimos qualquer coisa que seja, isso por si só, significa a ausência de vazio.
Agora, também é verdade que a falta significa dor... a falta de alguém, a falta de qualquer coisa... a falta disto, ou daquilo...
Ao reflectir assim, chego à conclusão que a falta é o vazio, e a ausência é dor... e eu recebo pedaços de falta todos os dias...
Beijinhos.

Ana disse...

Alexandra,

Apercebi-me agora, ao ler este teu texto, que todos os vazios que sinto ou já senti na vida são, de facto, reparáveis... porque são vazios deixados por pessoas que ainda aí estão... simplesmente deixaram de estar por perto.

Felizmente, não sei o que é perder alguém próximo, não dessa forma irreparável... mas tenho a certeza que, um dia, se e quando isso acontecer, as imagens e as lembranças, não serão o suficiente para preencher o vazio deixado.

beijinhos