quarta-feira, setembro 17, 2008

Quem sabe, talvez um dia...

Pousada sobre a mesa jaz uma delicada flôr.
No passado arrancada á terra, hoje, dia após dia, inerte sobre a polida madeira do móvel de entrada.
Sim, tu sabes, é aquela rosa que te ofereci e que nunca levaste.
Sim, continua no mesmo local, tens o exclusivo acesso e direito de propriedade.
A flôr, que no passado era lisa e brilhante, está agora enrrugada e baça, o vermelho-vivo deu lugar ao cinzento-negro, talvez a côr de muitos dos meus dias.
Talvez, quem sabe, um dia a porta seja aberta, a flôr recolhida nas tuas delicadas mãos voltando novamente á vida, e este teu gesto provará que entraste na minha vida.
Quem sabe, talvez um dia...

2 comentários:

foryou disse...

Creio que existe no nosso cérebro uma caixinha cheia de flores. Por vezes estão tão bem guardadas que nem damos por elas... Algumas são reencontradas por nós ou pelos "donos" e voltam a florescer...
É sempre um "quem sabe, talvez um dia..." No fundo toda a nossa vida é feita de "quem sabe, talvez um dia..."

Å®t Øf £övë disse...

Pp,
Bonito texto carregado de sentimento. Mas sabes, há feridas que enganam, porque nem tudo que cicatriza pára de doer. Há dores que sobrevivem, e só quando nos conseguimos sentar para conversar tranquilamente, é possível olhá-las de frente sem óculos escuros, e apesar de nos continuarem a doer, sermos capazes de as aceitar.
E quem sabe, talvez um dia... ela possa deixar de lado o medo, e te procure para resgatar a flor, e juntos possam mudar tudo. E quem sabe, ela não fique por aí.
Quem sabe se não és tu que sabes o que ela sente, e que vês o que ela não mostra, e que ouves o que ela não diz?
Talvez um dia a vida te sorria, e possas tomar conta dela, e juntos voltem a sorrir,a chorar, a viver, e a partilhar o vermelho-vivo dessa linda flôr...
Abraço.