quinta-feira, maio 24, 2007

Eclipse

Andava eu a vaguear pela net, quando descobri este texto da Silvana Duboc, que muito provavelmente muitos de vocês já conhecem, mas mesmo assim decidi partilhá-lo aqui, porque o acho muito bonito...


Quando o SOL e a LUA se encontraram pela primeira vez, apaixonaram-se perdidamente. E a partir daí começaram a viver um grande amor. Acontece que o mundo ainda não existia, e no dia em que Deus resolveu criá-lo, deu-lhe então o toque final... O BRILHO!
Ficou decidido também que o SOL iluminaria o dia, e que a LUA iluminaria a noite. Sendo assim, seriam obrigados a viverem separados.

Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam. A LUA foi ficando cada vez mais amargurada, mesmo com o brilho que Deus lhe tinha dado, ela foi-se tornado solitária, e o SOL por sua vez tinha ganho um título de nobreza “ASTRO REI”!
Mas isso também não o fez feliz.
Deus então chamou-os e explicou-lhes: "Vocês não devem ficar tristes, ambos agora já possuem um brilho próprio. Tu LUA, iluminarás as noites frias e quentes, encantarás os enamorados, e serás diversas vezes motivo de poesias. Quanto a ti SOL, sustentarás esse título porque serás o mais importante dos astros, iluminarás a terra durante o dia, e fornecerás calor para o ser humano, e a tua simples presença, fará as pessoas mais felizes".

A LUA entristeceu-se muito com o seu terrível destino e chorou dias a fio...
Já o SOL, ao vê-la sofrer tanto, decidiu que não poderia deixar-se abater, porque teria que dar-lhe forças, e ajudá-la a aceitar o que tinha sido decidido por Deus. No entanto a sua preocupação era tão grande, que resolveu fazer um pedido a Deus: "Senhor, ajude a LUA por favor, ela é mais frágil do que eu, e não suportará a solidão". E Deus, com a sua imensa bondade, criou então as estrelas para que lhe fizessem companhia. A LUA sempre que está muito triste recorre às estrelas, que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem.
Hoje eles vivem assim... Separados!

O SOL finge que é feliz, e a LUA não consegue esconder que é triste. O SOL ainda aquece de paixão pela LUA, e ela ainda vive na escuridão da saudade.
Dizem que a ordem de Deus era que a LUA deveria ser sempre cheia e luminosa, mas ela não consegue isso... porque ela é mulher, e uma mulher tem fases. Quando está feliz consegue ser cheia, mas quando está infeliz é minguante, e quando está minguante nem sequer é possível ver o seu brilho.

LUA e SOL seguem seu destino...
Ele solitário... mas forte!
Ela acompanhada pelas estrelas... mas fraca!

Os Humanos tentam constantemente conquistá-la, como se isso fosse possível. Por vezes alguns deles conseguem chegar até ela e voltam sempre sozinhos. Nenhum deles jamais conseguiu trazê-la até à Terra. Nenhum deles realmente conseguiu conquistá-la, por mais que se convençam que sim.
Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível, nem mesmo o da LUA e do SOL... e foi aí então que ele criou o ECLIPSE.
Hoje o SOL e a LUA vivem à espera desse instante. Desses raros momentos que lhes foram concedidos, e que custam tanto a acontecer.

Quando olhares para o céu a partir de agora, e vires que o SOL encobriu a LUA, é porque ele se deitou sobre ela e começaram a amar-se. E é ao acto desse amor que se deu o nome de ECLIPSE.
Também é importante lembrar que o brilho do êxtase deles é tão grande que se aconselha a não olhar para o céu nesse momento, porque os nossos olhos podem cegar ao ver tanto amor...

5 comentários:

Dä®k Añgë£ disse...

Art,
Será que por vezes não nos revemos todos no ECLIPSE?
Será que por vezes não nos revemos todos no SOL e na LUA?
Separados pela impossibilidade, pelo tempo, e pela distância?

...e quem sabe se um dia o ECLIPSE nos une por alguns segundos, e então eu serei a LUA de todas as tuas noites, e tu serás o SOL de todos os meus dias.

Eu e tu somos como contos de fadas, que ninguém conhece, mas de que todos falam.

Beijinhos eclipsados

Pedro Arunca disse...

Cá para mim as estrelas são fihas de ambos. No escurinho da noite...é ver o rasto dos cometas...perdidos de luz.

A Lua tem fases, mas sempre se renova. O Sol, que nasce todos os dias, esgota-se ao fim da tarde e cria aquele ambiente de luz e côr para namorar com a Lua.

Anónimo disse...

Art,
Comove qualquer coração sensível, como o de todos nós, assistir tristemente, sem nada podermos fazer, a um amor entre duas almas apaixonadas que por força das circunstâncias foi impossível de realizar o seu sonho da paixão, não é?
Embora, no caso do Sol e da Lua esse amor tenha sido sacrificado por uma causa maior e nobre, já que se poderá imaginar o que seria de todos nós, se não fosse o brilho da sua luz e o poder da sua influência sobre as nossas vidas. Essas vidas seriam impossíveis, se a paixão do Sol e da Lua fosse consumada da forma que desejavam.
Mas justificarão os fins, a impossibilidade de um amor a dois, contra a vontade dos mesmos? Eu penso que não, porque não existe à face do universo causa maior que mereça separar aqueles que o amor uniu, ou existirá?
Tristemente a vida está pejada de vários desencontros... vicissitudes da vida que inviabilizam a concretização de um íntimo e grandioso sentimento que aproxima e interliga duas almas numa mesma esfera. Elevado sentimento que embora o sentindo, eles não encontram adjectivos que expliquem entretanto, o porquê desse bater acelerado do coração. Une-os a vontade e o prazer de estarem juntos, e essa constitui a luta das suas existências. Junta-os o princípio de quererem estar um com o outro, em um só espírito, com uma só força, numa vontade única e firme de enfrentarem em conjunto, os tsunamis da existência. Reúne-os talvez e mais simples o acto de amar, e contemplarem no outro, aquilo que por vezes não conseguem vislumbrar em si mesmos no âmago da sua solidão, como é o reflexo do seu lado iluminado.
Seja qual for a razão, o amor é um/a amante exigente, que exige esforço, dedicação e devoção da parte de quem o sente, sendo por vezes uma autêntica “dor de cabeça” satisfazer as suas reclamações, contudo também não é preciso fazer “sacrifícios” na vida, para podermos saborear os seus favos de mel?
Para o amor não há limitações! Quando ele se manifesta entre dois seres, desponta neles a força maior (algumas vezes ilusória), capaz de superar todas as contrariedades, todas as dificuldades... e ainda que, tal como ao Sol e à Lua, aconteça não ser possível o consumar da sua vontade no tempo e no espaço desejado, ele sobreviverá e não esmorecerá porque se alimenta da esperança e do seu próprio amor...
Este é um dos textos que guardo no meu “Baú” pela sua forte componente emocional e reflexiva, se bem que seja um texto clássico sobre o amor, que parece alimentar-se mais das ausências e do sofrimento do que dos eclipses... :)
Beijinhos.

Ana disse...

Art,

Até mesmo o SOL e a LUA, por muito distantes que estejam, conseguem ter um ECLIPSE que lhes permite ser feliz por alguns instantes.
Existirão amores impossíveis? E poderá medir-se a felicidade pelo tempo que dura um momento?

Beijinhos

Porquê? disse...

Querido Art,
excelente texto! adorei!
na verdade este amor quase impossivel entre o SOL e a LUA é tão somente o reflexo do amor que os homens vivem na terra....tristeza, solidão... e de vez em quando uns minutos de paixão e alegria.....
beijinhos
até breve