segunda-feira, janeiro 26, 2009

Eu me confesso...

Tenho uma enorme lacuna... Eu não gosto de poesia, não sou um apreciador fácil de poesia. Gosto de algumas coisas, gosto daquelas que me tocam, e que leio ao acaso. São umas coisas [daqui], outras [dali], e não tem a ver com estilos. É que o meu sentido artístico no que diz respeito à poesia não é nada apurado... é um problema...

Mas de vez em quando encontro poemas e autores que se entranham em mim, e ficam para sempre... e ocasionalmente transpiram para fora...
Basicamente, sei o que me toca e o que não me toca...


Eu vou estar sempre aqui.
E tu sabes onde,
sabes onde me encontrar.
Eu não fugi, eu permaneço.

Deixo adormecer-me sem ti,
porque tenho que dormir.
Fico onde estou, porque
sei que virás um dia.

Não quero que me percas de novo.
Por isso fico. E espero.
Calmamente.
Como se fosse inevitável,
cruzarmo-nos de novo.

E vou ser tua, vou possuir-te.
vou poder amar-te, só mais uma vez.
Relembrar, recomeçar, reviver.
E ficarmos os dois, assim,
como um só, numa nuvem
que se evapora e, não volta.

Ventania de Sílabas - Setembro de 2008


Paula Raposo tem editados dois excelentes livros de poesia: "Canela e Erva Doce" e "Golpe de Asa".
Eu sigo atentamente tudo o que ela publica nos seus diversos blogues há pelo menos uns três anos. Se puderem "espreitem" os seus espaços, porque como a Paula Raposo diz, por lá vão encontrar "um turbilhão de sentimentos... uma tempestade..."

Desenho de António F. Santos

4 comentários:

Alx disse...

Art, para te confessares acerca deste assunto, então tds teremos que nos confessar.

A poesia é uma arte, como tal nem toda nos pode tocar.
Todavia, considero que por vezes estamos mais sensíveis a ela. Depois... nem todos os poetas nos "tocam", assim como nem todos os poemas. Depende de tanta coisa...

Continua como és que estás bem assim. ;)

ps: Já me deste mais um caminho para percorrer. Obrigado!

Alexandra

foryou disse...

eu, que também não sou apreciadora de poesia (reconheço as minhas limitações de entendimento) e muito menos conhecedora, embora leia alguma desde miúda (força de ouvir meu pai ler os lusiadas para me adormecer em pequena, mas isso é outra historia), só consigo gostar daquela que me faz sentir. pode não ser a melhor mas eu tenho de sentir (nem sei bem o quê).

obrigada pela referência que se vem de ti não vou desperdiçar

Å®t Øf £övë disse...

A Paula Raposo não sendo membro deste espaço, viu-se impedida de deixar aqui o seu comentário. Fê-lo através de email, e sendo justo com ela, gostaria de tornar públicas as suas palavras:

Paula Raposo disse...

Olá!

Não pude lá deixar o meu comentário que basicamente é ter ficado sem palavras perante o teu gesto!

Já me segues há mais de 3 anos...fará 4 em Agosto.
E eu espero que te consiga sempre entranhar...

Escolheste um poema de que gosto muito, muito...(às vezes gosto mais de uns do que outros).
Não sei que diga mais. Foi o gesto mais lindo e carinhoso dos últimos tempos.
Muito obrigada!!
Muitos beijos, Art!

Paula

Dä®k Añgë£ disse...

Art,
Eu gosto deste poema porque gosto...
Gosto deste poema porque sim...
E também sou capaz de apostar...
Porque gostas dele tanto assim...

Beijo